Tropecei, por ossos de ofício, numa apreciação de proposta estrutural e estruturante apresentada por uma empresa de consultores. Vá lá, não me digam que não conhecem!… Uns sujeitinhos esverdeados, vestidos de cinzento e, geralmente, brilhantes… Já estão a ver? Pois, são esses mesmos! Daqueles que são contratados pelos gestores das empresas porque estes, confessadamente, as não sabem gerir, apesar de serem pagos como se soubessem…

Pois fiquei siderado. Boquiaberto. Arfante. Em meras vinte e poucas páginas de caracteres, em Arial, pelo menos a tamanho de 16 para cima, descobri quão viva permanece a nossa língua. Ele eram as customizações, o mapear estruturas, vocações de externalização ou algo suspeitas coberturas externalizáveis, cruzadas, em delírio, com cronogramas e evoluções espectáveis, em improváveis redesenhos de monitorização de desempenhos, tudo isto muito bem entremeado com embedded values, stakeholders, structered interviews, gap analysis, worl wide partners, due dilligence e, vejam lá vocês, até audit-trail e chek lists! Pelo caminho ainda me ficaram alguns roll-outs, meia-dúzia de management consulting, dois quilitos de skills e um sem-fim de workflows

Perante um tal fluxo de perplexa ignorância que reconheci em mim, não ergui, desta feita, nenhuma invocação ao meu caro Santo Eucarário, companheiro fiel de tantas imprecações ao longo da vida. Não, desta vez, vi-me obrigado, trajando burel e de corda ao pescoço, à penitência à Nossa Senhora do Outsorcing, não esquecendo a espórtula ao Santo Know-How… E por aqui me fico, aguardando de tanto empenho o feed-back!