by OrCa | Dez 3, 2015 | Sem categoria |
não há páginas em branco
no decurso destes dias
nem palavras por dizer
momentos não preenchidos
em cada hausto ou sentir
num caminho percorrido
não há nada além da vida
– e está sempre a acontecer –
além do que ela convida
sem fim
princípio
ou medida…
e eu sinto o sol vadio numa tarde entardecida
a aconchegar-me o consolo de ser tão feito de tudo
eu que de um nada sou feito
ficando mais a meu jeito este preceito absurdo
de ser mar à superfície
mas ser abismo profundo
e ser só essa a razão
que nos traz razão ao mundo.
by OrCa | Nov 23, 2015 | Sem categoria |
Por mares nunca dantes navegados
Ou porque tudo nele são sulcos já trilhados
Remos que nas ondas deixam rastos
Tantos como os braços e as velas e os mastros
Uns que apontam para os astros outros fundos
Guiados por se crer haver mais mundos
Além deste em que se pena e desespera
Lá ao longe há um futuro à nossa espera.
by OrCa | Nov 17, 2015 | Sem categoria |
não há céu nem mar
nem tanto azul
nesse tanto sangue rubro derramado
nem nos fica tanto assim
lá para o sul
a urgência do saber ser solidário
é tão rubro e é tanto o sangramento
desse jovem que estilhaços dilaceram
que o horizonte todo ele se avermelha
e inflama um olhar tão sempre à espera
e o sangue é igual nessa corrente
sem ter cor de pele
nem rosto
nem idade
e é um rio
que se espraia numa rua
qu’inda há pouco era o centro da cidade
é um rio
cujas margens em vertigem
nos fazem soar ao longe
na nascente
de Brecht
um poema recorrente:
Do rio que tudo arrasta se diz que é violento.
Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem
mas nem tudo é sempre igual
que tudo muda
só nos resta perceber
o que é diferente…
by OrCa | Out 24, 2015 | Sem categoria |
Amizades,
No próximo domingo, dia 25 de Outubro, a partir das 15h30, em Óbidos, numa acção integrada no conjunto de eventos em redor da literatura (
FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos – ver aqui:
https://www.facebook.com/foliofestival) que por lá tem estado a decorrer e em acção organizada pela livraria
Ler Devagar, irei dar um arzinho da minha graça, como poeta convidado.
O tema que propus: «Porquê um poema?» – pretexto tão bom como outro qualquer para nos permitir discorrer sobre o que nos der na gana…
Entretanto, contarei com uma roda de amigos, também com coisas para dizer, e alguma música. A entrada é livre. O local – uma casa particular ali para os lados da igreja e disponibilizada para o efeito – creio que não há que enganar.
Apareçam. Quem sabe, não poderemos fazer um brinde juntos…
Abraços.
by OrCa | Out 2, 2015 | Sem categoria |
Dia 3 de Outubro, sábado, pelas 17 horas, em Carcavelos,
na Sociedade Recreativa Musical de Carcavelos,
o encerramento da «campanha» de homenagem a António Feio:
E cá fica parte do meu contributo:
A propósito do poema de António Feio (Tenho dez linhas…)
dirigido a seu irmão Carlos Peres Feio
dez as linhas e não mais do que dez linhas,
nove sendo pois aquela já foi gasta
oito agora e bem mais do que as vizinhas
sete sendo em vitória de canasta
seis espreitam num enlevo de andorinhas
cinco dedos desta mão que a mim me basta
quatro irmãos entretidos nos caminhos
três destinos que se cumprem de seguida
dois já idos e outros dois entre carinhos
um amor que se quer além da vida.
– Jorge Castro