by OrCa | Jun 2, 2015 | Sem categoria |
Nos meus périplos facebookeanos
tropecei, hoje, com duas pérolas que não resisto a partilhar convosco:
– A primeira pérola, proveniente quase-quase, de tempos
longínquos mas, extraordinariamente, tão actuais (quem não tropeçou
recentemente com atitudes análogas, provenientes de personagens insuspeitas,
perto do si…?):
Assim se estraga uma reputação de Ambrósio… Este, espírito atento e venerador, acautela, a bem da nação, os costados num exercício de capachismo notável e esclarecedor. A este pobre não lhe anunciaram apetites, como ao outro, do anúncio, daí que o seu espírito titubeasse na aflição do imponderável… Lindos tempos, estes, do respeitinho… Ouvis, ó jovens (e menos jovens, também) distraídos (e/ou deslumbrados) com o estapafúrdio «liberalismo» em que andamos tão embrenhados e empenhados?
– E saltamos, agora, para a modernidade, a do foguetório iluminado e iluminante que se alberga, porventura, em massas cerebrais circunscritas e limitadas, desenvolvidas na mesma lógica (?) que determinou a cabecinha pensadora do Ambrósio supracitado.
Do município de Portalegre para o mundo, no Dia da Criança, um simulacro de manifestação e confronto com «forças da ordem», em exercício de cidadania – e permitam-me aqui um enorme ponto de interrogação, logo seguido de um outro de exclamação (ou de espantação…):
E, contudo, movem-se estas abencerragens, capazes do inominável, em ideias que não lembrariam ao mais expedito atrasado mental – sim, que os há, e tantos deles alcandorados a postos com poder…
A ideia é notável, assim a modos que começar a instrução para a cidadania como quem lê um discurso do fim para o princípio… e estranhar porque, no final, ninguém os percebeu.
*
Entretanto, uma alma criativa e premonitória, para além de esclarecida, publicou a seguinte imagem… que, lá está, tem tudo a ver com… Pode ver-se entoando aquela do «ai estes são os filhos da nação, trá-lá-lá-lá-lá…».
by OrCa | Mai 17, 2015 | Sem categoria |
No seguimento da entrada, em 15 de Maio p.p., com este mesmo título (vejam bem…), um amigo meu – a quem vou nomear apenas como JF por reserva de confidencialidade – contactou-me por telefone e com habitual e esperada frontalidade, legitimamente agastado por aquilo que ele considerou – e com alguma razão, a meu ver – eu ter «deixado no ar» uma crítica social de que transpareceria ser o valor da obra de arte a causa da minha diatribe…
Estou, obviamente a simplificar a densidade da conversa telefónica, cordialíssima, aliás, como se espera de bons amigos que – oh, curiosidade! – ainda para mais se respeitam, mas sim para obstar ao sofrimento dos meus improváveis leitores para me aturarem neste desenvolvimento.
Tive, assim, oportunidade de esclarecer que, muito de acordo com a opinião de que uma obra de arte, em si, terá até um valor incalculável ou imaterial enquanto património da humanidade, o artista necessita de comer e de beber todos os dias e, daí, haver de se lhe atribuir – à obra de arte produzida – um valor muito material que o sustente.
Até aqui, estamos em enormíssimo acordo.
A minha reflexão – onde também contraponho e sublinho a minha própria situação de privilégio em relação a imensas maiorias de cidadãos por esse mundo fora – é tão-só o alerta possível relativamente a esse mundo em que um qualquer indivíduo, cidadão como os demais, se pode guindar ao estatuto de transaccionar um bem como o quadro de Picasso de que aqui se fala por aquele valor anunciado – do qual convirá também referir que o próprio autor já não está em condições de usufruir a mais ínfima parte.
E se Picasso, em vida, não teve desmesurados problemas de sustento, isso não ocorre com uma imensa maioria de artistas de desvairadas disciplinas, por esse mundo fora.
A distorção social a que chegamos – e da qual quase nem damos conta – que subjaz à capacidade do indivíduo ou da instituição dispor de tais astronómicas verbas, a despeito do mundo à sua volta se encontrar imerso na desgraça da fome, no meio da sociedade da abastança, isso sim é que reputo de irracional e obsceno.
Outro aspecto a considerar tantas vezes, é que a
apropriação particular ou privada da obra de arte vai, afinal, sonegar
do grande público o seu acesso, encerrada que fica em catacumbas securitárias
pelo incomensurável valor que lhe foi atribuído por corpos estranhos ao acto
criativo.
Depois, se olharmos para a progressiva indigência em que vai mergulhando, por toda a parte, o mundo da arte e da cultura, onde o autor hoje miserável e a viver de amigos, tem a sua obra incensada e finalmente valorizada depois da sua morte, mais arrepiante se me depara aquela obscenidade…
Por fim, dir-se-á que tudo isto tem muito que ver com a
«natureza humana», expressão com as costas largas de acolher os desmandos que
passem pela cabeça e pelo poder de compra de cada um. Mas em que parte dessa
«natureza» fica, depois, a destruição do património da humanidade a que estamos
a assistir, quase impávidos, por parte de uma aberrante seita numa guerra insensata
(como todas são, ainda que umas mais do que outras, se me perdoarem a
contradição…) que foi suscitada e é alimentada por esta magnífica sociedade
ocidental em que estamos e somos?
A obra de arte, como tal reconhecida, integra o nosso património
e dela, numa sociedade da Utopia, apenas deveria colher benefício material
imediato o seu autor, enquanto elemento fundador dessa sociedade.
Para todos os demais, mormente após a inexorável morte do
autor, interessaria assumir a consciência de que a obra de arte pertence ao
mundo e dela deveriam desfrutar todos e por ela todos deverem ser atentos responsáveis
e os mais fiéis guardadores.
Falta aqui Escola, muita Escola, claro, para que esta
Utopia se materialize. E sobra, por outro lado, muita cegueira do lucro parasitário. Mas, já
diria Galileu, contudo a Terra move-se
e, assim sendo, o mundo pula e avança…
by OrCa | Mai 13, 2015 | Sem categoria |
Um quadro de Picasso (As Mulheres de Argel – versão O) tornou-se na segunda-feira a tela mais cara alguma vez vendida em leilão, ao ser adjudicada por 179,3 milhões de dólares (161 milhões de euros). Mas houve mais recordes em Nova Iorque (…).
(In http://www.dn.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=4562831)
Há qualquer coisa de admirável no mundo que todos ajudamos a construir. Vejamos:
Hoje, eu, afortunado cidadão de um país do mundo ocidental, almocei. Pedi uma dose de coelho grelhado (e metade do animal vinha na travessa), acompanhado com esparregado e batatas a murro; reguei tudo com um belo tinto (reserva), comi um pão e bebi o café e, chegado ao fim, custou-me esta aventura qualquer coisa como 12 (doze) euros. O restaurante é normal, bem frequentado por clientes normais. Enfim, interessa o que interessa: satisfeito, eu paguei 12 euros.
E dei por mim a magicar nestas extraordinárias transcendências:
– 161.000.000 € – e, notem bem, por UM simples quadro, ainda que de Picasso -, a 12 € por refeição, dariam para 13.416.666 refeições idênticas ou, dito de modo mais prosaico e considerando que o ser humano poderá ingerir duas refeiçõezitas destas ao dia e que o ano tem, geralmente, 365 dias (logo 630 refeições destas), 21.296 seres humanos poderiam alimentar-se, durante um ano, só com este quadro.
Por outro lado
– 161.000.000 € – e sempre o mesmo quadro de Picasso – se considerarmos que, em África, o rendimento diário per capita, em vários países, ronda UM €, poderá levar-nos à seguinte contabilização: 50 anos são 18.250 dias e, assim sendo, aquele montante permitiria que 8.822 seres humanos pudessem sobreviver durante 50 anos… e, outra vez, apenas com este quadro.
Este raciocínio é tão pornográfico, tão escabroso, tão obsceno que estou em crer que desta vez é que me encerram o blog…
by OrCa | Mai 4, 2015 | Sem categoria |
Está dito e está feito.
Motivação: esperar a mudança, que urge, em qualquer das suas vertentes, tendo sempre no centro das preocupações a mulher e o homem – que eu sou e que tu és.
Como «relatório preliminar» um brevíssimo comentário: assisto com incredulidade à imensidão de comentadores «preocupados» com a falta de conhecimento que o povo terá relativamente ao candidato Sampaio da Nóvoa. Muito bem, divulguem-no, então.
Mas de quantos candidatos a qualquer coisa se poderá dizer o mesmo? Muito mal comparado, quem conhecia Cavaco Silva aquando da sua rodagem do carrito até Aveiro, rodagem que, aliás, ainda hoje continua? E não se alcandorou, logo a seguir, a uma maioria em eleições?
Deixemo-nos, pois, de tretas e avancemos sem medo nem mentores ideológicos, que a cabeça de cada um, salvo erro e omissão, foi feita para pensar.
by OrCa | Mar 16, 2015 | Sem categoria |
Podem dizer-me o que quiserem.
Podem, até, chamar-me, em voz alta ou em surdina, paranóico,
conspirativomaníaco, criptoparvo, etc., etc., etc.. Mas, como saberão, depois
de ter estado presente no Congresso da Cidadania – Rutura e Utopia
para a Próxima Revolução Democrática, promovido pela Associação 25 de Abril, nos passados
dias 13 e 14 de Março, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, perante os
factos, ocorre-me esta gritante reflexão, com considerandos à ilharga:
– Salas sempre bem preenchidas,
quando não repletas; personalidades de reconhecida craveira sócio-política, se
quiserem; miríade de temas da maior actualidade, tratados, de um modo geral,
com excelência e elevação; organização impecável, nomeadamente com um
cumprimento muito rigoroso de horários; presença de vários potenciais
candidatos à Presidência da República; e…
Nada nas televisões, nada (ou
quase) nos jornais, muitíssimo pouco nas rádios… e, uma vez mais, um País
inteiro vê passar-lhe ao lado, em alegre pasmaceira, o seu próprio futuro e,
afinal, a sua própria vida. Jornalistas? Nã! Para quê? Parece que já só existem
dois ou três e estavam ocupados com a bola. E querem convencer-me de que este
silêncio não é orquestrado? Oh-oh, uma verdadeira orquestra silenciosa,
promovida pelos do costume… que não se sabe muito bem quem sejam, ainda que possamos
ter uma vaga ideia.
Para mais, tudo esquerdalhos,
aqueles gajos! Então e o 25 de Abril de 1974, pá? Pois, já lá vão quase 41 anos…! Estamos a ficar velhos, pá. Então, e os novos…? Também estão a ficar velhos, pá…
Desinteressados, abúlicos,
obnóxios, lá vamos, (outra vez) cantando e rindo… Invejosos dos gregos,
temerosos dos espanhóis. Pois se ele há a praia, com este sol todo e o Portugal
no coração ou no fígado ou, até, na bexiga, de tanta cevejola, tanta menina com
a perninha a dar-a-dar e a transcendência das casas sem segredos, ralar-se um
homem com estas coisas sérias e chatas, balhamadeus…!
O Passos esquece-se,
lamentavelmente, embora, o Portas desirrevoga e o presidente nem pio, lá se diz. O próprio António nunca mais dá à costa. A justiça injustiça. A saúde adoece. A educação desaprende. A habitação não
mora lá, tal como a antiga Alice. O estado não está, pelo menos connosco,
ocupado que anda com os amigos da «alta» finança. E por aí fora.
O IMI sobe 40%?!? Ó, caraças…!
Ah, não, afinal são «só» 6,3%. Chiça, estou muito mais descansado…
Da carteira, dir-se-á, ou talvez não e não só. E assistimos,
mudos, quedos, impávidos e serenos à destruição do futuro em agonias do
presente, mas com jeitinho, a par e passos. A par da alienação e a passos
perdidos.
E o presidente nem pio!