o narciso engravatado que escreve, piscando o olho

Sou um adepto incondicional da liberdade, nas suas infinitas manifestações, atitude que tento acompanhar sempre com um incontornável direito que cada um deve ter em assumir as consequências do exercício dessa mesma liberdade… de preferência num estado de direito e democrático – o que podendo parecer redundante, nem o é tanto.
Daí que o meu sorriso se alargue até às orelhas (honni soit…) ao deparar com estas parangonas recentemente aparecidas em milagroso mês de Maio:
– «Como não há os livros que gostaria de ler, escrevo-os eu»
Não haverá por aí ninguém que, parafraseando o conceito e não aturando este JRS, se disponha a fazer rapidamente outro? 
Dirá algum leitor mais objectivo que o dito se articulava com a saga a que o televisivo autor lançou mãos. Mas o certo é que quando ele diz que a sua trilogia é uma saga e que tal conceito não está desbravado em Portugal, omite duas elementares e gritantes sagas: uma, o lê-lo; outra, o aturar-lhe as piscadelas de olho… Por mim, confesso, chego a ter pesadelos! Mas tal deve-se, decerto, a problema meu e muito pessoal.
Já o dizerem-se dislates (in http://www.dn.pt/artes/interior/jose-rodrigues-dos-santos-o-fascismo-tem-origem-marxista-5189844.html) do calibre de «o fascismo é um movimento que tem origem marxista» ou, logo depois, que «o nazismo é inspirado em ideias muito populares nas democracias ocidentais…» e até o Carnegie Institute, em 1911, nos EUA, ter proposto  «que se matassem os deficientes em câmaras de gás», pelo que «os nazis nada inventaram», me provoca explosões de anti-corpos, pela incomensurabilidade da demagogia, absolutamente estúpida ou, pior, deliberadamente provocatória.
Enfim, resta-me a consolação de saber que os narcisos, férteis em terrenos pantanosos, são de existência breve e rapidamente se transformam em húmus da terra. 

quem segura este Brasil?

Por demais enfartado com o monolitismo da «informação» oficial que nos invade e bombardeia o raciocínio até à náusea, aqui vos deixo informação alternativa que acabou de chegar ao meu conhecimento:


Caras/os amigas/os

O que se passa no Brasil está a ser tratado de forma miserável pela comunicação social portuguesa pelo que devemos fazer um esforço para ter informação de fontes que não façam parte da rede manipuladora a soldo dos interesses estadunidenses. O que ali se passa configura mais uma etapa da política dos Estados Unidos da América, que procura recuperar posições perdidas nos últimos anos na América do Sul.

Para melhor compreender o caso brasileiro, deve-se colocar ao lado o que se passou nos últimos meses na Argentina (onde conseguiram afastar a presidente Cristina Kirchner e pôr um “amigo” na presidência), e ter presente o bombardeamento a que têm sujeitado a revolução bolivariana na Venezuela, onde estão ganhando também algumas vitórias na defesa dos interesses do norte; sem perder de vista a guerra surda que movem a Evo Morales (Bolívia) e a Rafael Correa (Equador), e se desvalorizar a nova táctica em relação a Cuba (mas sem pôr fim ao bloqueio a que a submetem desde 1962). No entanto, segundo o portal do PT, a jogada reaccionária está sendo bem interpretada internacionalmente e Lula é alvo de manifestações de solidariedade. Ver a este respeito

http://www.pt.org.br/lideres-internacionais-divulgam-manifesto-em-apoio-a-lula/

Na maioria é gente que esteve no poder nos seus países e que se destacou pela honestidade e na defesa dos seus povos. Destaco o nome de Mujica, ex-presidente do Uruguay, um homem acima de qualquer suspeita de corrupção e de ter andado em negócios escuros com Lula ou com o PT. É que nestas coisas valorizo muito a posição dos que não têm rabos de palha, têm uma qualidade que prezo particularmente: autoridade moral. Valorizar os aspectos políticos revolucionários é muito importante mas devemos subestimar os aspectos éticos na prática política.

Eis o manifesto que subscreveram:

“DECLARAÇÃO

Durante várias décadas, Luiz Inácio Lula da Silva destacou-se como sindicalista, lutador social, criador e dirigente do Partido dos Trabalhadores.

Eleito Presidente da República, em 2002, Lula levou adiante um ambicioso programa de mudança social no Brasil, que tirou da pobreza e da miséria milhões de homens e mulheres. Sua política econômica permitiu a criação de milhões de empregos e uma extraordinária elevação da renda dos trabalhadores.

Seu Governo aprofundou a democracia, estimulando a diversidade política e cultural do país, a transparência do Estado e da vida pública. O Executivo, o Ministério Público e o Poder Judiciário puderam realizar investigações de atos de corrupção eventualmente ocorridos na administração direta ou indireta do Estado.

Preocupa à opinião democrática, no entanto, a tentativa de alguns setores de destruir a imagem deste grande brasileiro.

Lula não se considera nem está acima das leis. Mas tampouco pode ser objeto de injustificados ataques a sua integridade pessoal.

Estamos com ele e seguros de que a verdade prevalecerá.

Cristina Fernández de Kirchner (Argentina)
Eduardo Duhalde (Argentina)
Carlos Mesa (Bolívia)
Ricardo Lagos (Chile)
Ernesto Samper (Colômbia)
Maurício Funes (El Salvador)
Felipe González (Espanha)
Manuel Zelaya (Honduras)
Álvaro Colón (Guatemala)
Massímo D’Alema (Itália)
Martín Torrijos (Panamá)
Nicanor Duarte (Paraguai)
Fernando Lugo (Paraguai)
Leonel Fernández (República Dominicana)
José Mujica (Uruguai)
José Miguel Insulza (OEA)”

No portal do PT podem ver mais informação de última hora que vos pode dar uma ideia da dimensão da guerra que o povão brasileiro está a sofrer, por exemplo novos golpes baixos de figuras de topo da “justiça” brasileira .

http://www.pt.org.br/planalto-moro-violou-constituicao-e-medidas-judiciais-serao-adotadas/

Aos interessados em seguir o que se passa na América do Sul na sua luta contra o neoliberalismo e pela autonomia do gigante do norte recomendo vivamente que vejam TelesurTV (canal 223 para quem tem o serviço da NOS)

saudações antifascistas

obrigado!

Esta a  forma de agradecer que nos distingue no mundo, segundo Sampaio da Nóvoa. 
Os portugueses, entretanto, demonstraram uma vez mais a preponderância do relevo mediático nas suas vidas e o quanto são influenciáveis pelo jogo de espelhos que os media proporcionam. 
A distorção das imagens que isso ocasiona não os incomoda. Pelo contrário, convivem de tal modo bem quase como se as suas (nossas) vidas se resumam a uma passagem, de preferência longa, por um qualquer parque de diversões.
Não será impunemente que se dizia, por franças e araganças, que les portugais sont toujours gais.
Sim, lá vamos, cantando e rindo, levados, levados, sim…E eis que o velho hino salazarento assume contornos de actualidade globalizada e globalizante.
Mas Marcelo Rebelo de Sousa, convenhamos, não é mau. Podia ser muito pior. 
E como, a partir de hoje, ele é também o meu presidente, só posso desejar e esperar que venha a revelar-se muito melhor. Melhor do que sempre foi e melhor do que aquele que sai.

Eu voto! E Sampaio da Nóvoa é a minha escolha.

Este blog é, evidentemente, um blog de conteúdos políticos… Aliás, à imagem e semelhança de toda a vida em nosso redor. Assim sendo, o seu autor – para quem não saiba, eu próprio -, para além de posições e opiniões, tem da cidadania o conceito de que ela só existe quando é participada.
A minha opção actual «nasceu» há muito tempo e consolidou-se no Congresso da Cidadania, promovido pela Associação 25 de Abril, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Março de 2015. E, obviamente, mantém-se. 

vergonha? muito pouca
ética? nenhuma

Tendo assistido a ambas as entrevistas, pareceu-nos, cá por casa, que uma delas teria acabado cedo demais… Mas, enfim, como imaginar tal malfeitoria quando tantos holofotes se centram neste momento político? Seria uma insensatez da SIC, tanto mais que, se não estou em erro, cada candidato parte de um pé muito democrático de igualdade plena (?). 
Mas, afinal, parece que não. Para um, altas fachadas, envolvência gongórica, como se as eminências pintadas em redor caucionassem o discurso e a personagem, e 43 minutos de debate. Para outro, um ambiente despojado, porventura até mais consentâneo com a personalidade do candidato, pouco dado a fogos fátuos… e 23 minutos de entrevista.
Assim sendo, ora, toma lá, que é democrático! E se isto não é objectividade e isenção, venha de lá alguma velha rameira que lhes atire a primeira pedra. 
Assim se constroem «clarividências» como aquelas que desembocaram em dez anos de cavaquismo à solta. E que não se diga que os amigos de direita não são para as ocasiões, que ali, sim, se cultivam os grandes valores…

Valha-nos a mulher de César!