Ah, este é que é o Paul Krugman? Ora, bolas…

Depois de me ter deliciado, atemorizado, atrapalhado e embasbacado perante a entrevista deliciosa, atemorizadora, trapalhona e basbaque com que, ontem mesmo, Paul Krugman, eminentíssimo economista americano, nos brindou, deixei-me resvalar no sofá das grandes ocasiões e dei comigo a matutar sobre as transcendências inacessíveis e muito para além de iniciáticas da Nova Economia e de como já é chegado o tempo de ser fundada uma nova religião.
Religião panteísta, obviamente, com incontáveis deuses e não menos inumeráveis apóstolos, seitas que avonde, pitonisas, oráculos e seguidores à fartazana…
Ouve-se, então, tão eminente sapiência, com tantos laivos de democrata à americana – que é uma espécie de coisa que não se sabe bem o que é…. – vestindo um ar compungido a falar, reticente, da eventualidade de baixar remunerações, a bem da competitividade das empresas portuguesas em relação à dos «estados fortes» da Europa, como condição de sobrevivência.
E não se lhe ouve uma palavra, uminha, sobre os custos de produção, como energias, combustíveis, impostos, burocracias várias que deixam as empresas portuguesas a perder de vista, pelo lado mais negativo e sombrio, em relação às suas congéneres europeias. Ora, assim, também eu…

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quotidiano delirante (11)
– breves, muito breves reflexões aleatórias…

Uma vaga de frio polar assolou-nos, pelo menos segundo tudo quanto são os avisadores da catástrofe nacional… e quase ninguém deu por isso. Num qualquer sinistro, as vítimas mortais foram setenta e duas ou três ou quatro ou oitenta e cinco, consoante o «órgão noticioso» que propala a notícia. A libertação de um prisioneiro israelita é «trocada» pela libertação de quatrocentos e cinquenta palestinianos. Este ano o Carnaval português é só para alguns e pensa-se que esses alguns possam (ou devam) não ser piegas. O quadro «Os Jogadores de Cartas», de Paul Cézanne, é vendido e comprado por 250 milhões de dólares, sendo o comprador a real família do Qatar, a qual vive repimpada sobre os custos do petróleo que promove em seu benefício. Onze mil crianças morrem de fome no mundo, a cada dia que passa. Um sem-abrigo foi condenado a multa de milhares de euros por furtar um champô e uma bebida num supermercado do norte. O governo português prepara-se para injectar mais 600 milhões de euros no BPN, para o vender, de seguida, por 40 milhões. Na Europa começam a proliferar os políticos não eleitos à frente dos destinos dos respectivos países, ditos democráticos…
Não há qualquer fio condutor nestes nacos desgarrados, para além de serem eles sinais palpáveis da actualidade a que nos deixamos conduzir, um pouco por todo o mundo.
Qualquer noticiário desta actualidade num simples dia é profundamente mais surreal do que foi alguma vez um filme como «O Mundo Cão», que nos sobressaltava de estranheza há umas poucas dezenas de anos.
Urge acabar com isto antes que isto acabe connosco.

E ñem sei se estou a ser piegas ou se estou a ser pessimista em demasia. Mas estou, seguramente, a reflectir aquilo que uma misérrima mão-cheia de políticos de pacotilha anda a fazer.

O desconcerto da «concertação» II
– o benefício da dúvida perante o malefício da dívida

Não me parece que João Proença pudesse fazer outra coisa a não ser assinar aquele «acordo de concertação». E apoio esta afirmação após a apreciação de uma sequência de lógicas, porventura daquelas que o bom senso comum repudia – e ainda bem -, mas que existem e estão aí, como punhos, em que a UGT assume, de algum modo, o actual estado de refém da «troika», que lhe chega pela proximidade, identificação e miscegenização com o PS.
Isto não fará sentido nenhum, se quisermos cultivar ingenuidades estapafúrdias. Mas, numa tomada de posição mais pragmática – senhores, quanto me chateia este termo… – e com maior noção das realidades em que nos atolamos, faz todo o sentido.
Dizer que eu, no lugar de João Proença, não assinaria este nonsense não servirá para nada pela elementar razão de que eu sou eu e o João Proença é ele, por muito lapaliciano que surja este meu arrazoado.

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memorando reflexivo contra a crise

Com a devida vénia ao sítio www.tabonito.pt, de onde recolhi a informação e imagem abaixo, aqui vos deixo uma pequena reflexão acerca dos tempos acrisolados que insistem em nos querer fazer viver, para nos amarfanharem o direito que temos de… viver.
Por outro lado, na VISÃO de 30 de Abril de 2009, pode ler-se:
O número é gordo: 810 891 euros. Foi este o salário médio que cada administrador executivo, de dez das maiores empresas portuguesas cotadas em bolsa, ganhou ao longo de 2008. Um rendimento 136 vezes superior ao de uma pessoa que tivesse auferido o salário mínimo em vigor durante o mesmo ano. Veja as contas: 14 meses x 426,5 euros = 5 971 euros. E um português que ganhe um salário médio estimado em torno dos mil euros necessitaria de duas vidas para conseguir um rendimento igual ao que um daqueles gestores aufere num ano.

Apesar de alguma desactualização da informação obtida na VISÃO (Abril de 2009), podemos, ainda assim, ajuizar que com a disparidade verificada no referencial social que o salário mínimo não pode deixar de representar e coexistindo ele com tais «pináculos» remuneratórios dos gestores, ainda para mais gente ininputável e em quantidade imensa, talvez resida aqui uma prova dificilmente contestável da origem e manutenção da dita «crise» que afecta o mundo, com especial incidência na Europa e com curiosas particularidades em Portugal.   

Pelo caminho, hoje encerrou mais um serviço de urgência, desta vez no Hospital Curry Cabral, em Lisboa. Ouvi dizer que tinha uma afluência média de 190 pessoas por dia. Nada de muito relevante, pois.

Não pude confirmar estes dados. Mas o Ministro da Saúde parece que pôde, pois disse o senhor ministro que tinha estudos a justificarem que uma cidade como Lisboa apenas deve ter três serviços de urgência hospitalar, dado o número de hospitais que circundam a grande urbe.

Valham-nos estes homens que dominam os números, já que os números, esses, quando toca a caírem sobre nós quando temos de recorrer a uma urgência hospitalar, ainda nos pesam mais do que os ministros. Honni soit…

as pontes que não sabemos construir

Não se trata já sequer de indignação, de desprezo ou de asco. Trata-se, talvez, de uma mescla de tudo isso e muito mais que configura o que, com mais propriedade, chamaria raiva.
Ultrapassei, pois, a fase de ser mais um mero indignado, para acrescentar a componente activa e passar a considerar-me enraivecido. Enfim, as palavras valem o que valem…
Mas mal ouço falar em «pontes», como elemento perturbador da produtividade nacional, não posso deixar de sentir vontade de comprar uma funda.
Mas logo que me falam em prestação de mais meia-hora de trabalho a troco de nada, como factor preponderante para a competitividade das empresas, não deixa de me ocorrer um ímpeto de me munir com uma moca.
– ver crónica completa no blog PERSUACÇÃO –