by OrCa | Fev 6, 2013 | Sem categoria |
De um testemunho no Facebook…
Já visitei a Venezuela e Cuba. Mas, esta tarde, visitei, pela primeira vez, um país do terceiro mundo. Eu conduzia pela via de acesso ao IC19 quando observei dois homens que seguiam junto ao rail vindos do Hospital Amadora-Sintra. O mais novo aparentava 45 anos e tinha a cara tostada pelo sol. O mais velho devia ter cerca de 80 anos e trazia um dreno ensanguentado junto à cintura. O filho trazia o pai que havia tido um AVC e uma infecção urinária. Ficaram na Brandoa. Foi onde os deixei depois de ter decidido dar-lhes boleia. Não tinham dinheiro para o transporte de ambulância. Durante a viagem, envergonhado, o filho concordou comigo. Este é o país em que os donos dos bancos e das grandes empresas enchem os bolsos através da humilhação dos trabalhadores e dos reformados. O velho mal se compreendia. Muito cansado tentava comentar com muita dificuldade o que se dizia. Mas houve um momento em que encheu a voz de força e rematou: “É preciso um novo 25 de Abril”. Respondi-lhe, então, que se o havia que repetir que fosse sem cravos. Pelo espelho retrovisor, vi-lhe o sorriso. Não sei o que lhe passava pela cabeça. Mas, na minha, vi o nosso povo unido esmagar os que assim tratam os que sacrificaram o melhor das suas vidas pela felicidade de outros. E sorri-lhe de volta.
by OrCa | Jan 28, 2013 | Sem categoria |
Carlos Peixoto, deputado do PSD pela Guarda, licenciado em licenciaturas (?), perorando no jornal i, aqui há uns dias atrás, acerca do que é, na sua visão limitada, serôdia e com muitas probabilidades de ser mesmo imbecil, o mal tremendo que assola Portugal, destrambelha-se com o seguinte dislate: “A nossa pátria foi contaminada com a já conhecida peste grisalha.”
E, como forma de debelar o mal, tresvaria numa apologia à fornicação procriativa, como se não houvesse amanhã, para concluir com esta inevitabilidade: «Se assim não for, envelhecemos e apodrecemos com o País.“
Contaminação, peste e apodrecimento. Eis como a bestialidade desta criatura, por associação, mimoseia os seus avós, pais e a si próprio, muito em breve, pois conta já este garboso pimpolho com 45 anitos feitos.
Eu não sei em que alfombre foram criados estes cidadãos ou, melhor dizendo, em que entulheira medraram tais fungos que assim se assanham contra quem, afinal, lhes garantiu e garante o sustento.
Sim, porque do alto dos meus grisalhos sessenta anos, com mais de trinta e cinco de vida retributiva, trabalhando por conta de outrem (isto é, pagando efectivamente impostos) e com mais cerca de meia-dúzia de anos de vida activa pela frente, sou um dos que está a sustentar a vidorra da criatura e, até, segundo os cânones distorcidos da sociedade em que vivemos, lhe estou, mesmo, a assegurar a futura reforma que, como deputado que é, lhe deve estar para muito breve.
As grandes questões que se me colocam são as seguintes:
– Esta gentinha não pode ser banida da Assembleia após uma barbaridade deste quilate? Vai tão longe a imunidade parlamentar? Os seus pares (e nós todos) não temos vergonha na cara e permitimo-lo como representante da nação? Os pais dele – se é que não nasceu de geração espontânea, por entre os tais fungos… – convivem bem com este filho ou já lhe pespegaram dois bofetões bem aplicados e o baniram do convívio familiar?
Poucos dias depois, o mesmo inefável Peixoto – que assim apurámos ser homem dado a filosofias pimba -, entulha-nos as consciências com mais este primor: quem aceita «o casamento homossexual pode também vir a aceitar o casamento entre irmãos, primos directos ou pais e filhos…».
Ora estamos aqui com uma contradição tremenda naquela cabecinha pensadora: se é verdade que a união entre homossexuais, no estadio actual da técnica civilizacional, não gera rebentos, pelo menos sem assistência colateral, já o casamento entre irmãos, primos directos ou pais e filhos pode vir a revelar-se um modo airoso de dar bom seguimento ao que o homem acima preconiza: a procriação como desidério nacional. Afinal, sempre se diz que em tempo de guerra não se limpam armas…
O meu receio é tão só que as consanguinidades daí decorrentes venham a dar origem a muitos Peixotos como este desta fábula…
by OrCa | Dez 31, 2012 | Sem categoria |
Poderia citar incontáveis casos concretos para cada circunstância que sustenta o que vou dizer, mas não o faço para não expor ainda mais às vicissitudes do mau poder as vítimas desse caso grave de vilanagem em que se vai transformando o Estado, que somos nós (ou que assim deveria ser), mas tão deficientemente representados. Então, que cada um acredite ou não na matéria exposta e que o leve à simples conta de desabafo, como imperativo necessário e urgente para criar equilíbrios mentais, tão necessários como qualquer outro suporte de vida.
Muito para além do bombardeamento constante da promoção da insanidade a que todos somos sujeitos por parte de (des)governantes, acolitados pela intoxicação – dir-se-ia militantemente empenhada – dos assim-ditos órgãos da comunicação social, ocorre por todo o País uma desumanização institucional que, insidiosamente, se vem instalando e que degenera num cerco ao cidadão que o manieta na sua capacidade de bom cumprimento da cidadania, na perspectiva do colectivo em que se integra, bem como do seu livre arbítrio, enquanto indivíduo.
Matéria pouco ventilada, talvez porque dela não ocorra, directa e espectacularmente, sangue derramado, mas porque apenas provoca o definhar gradual da individualidade e do seu inestimável livre pensamento, a relação entre o Estado e o cidadão, nos múltiplos aspectos (públicos ou semiprivados) em que ela incide, assume, hoje em dia, uma inextrincável teia de iniquidades, de desvarios, de perdas de tempo, de incomodidades, das quais já ninguém sabe, sequer, apontar responsáveis ou eventual cura e, menos ainda, lobrigar cara ou costados visíveis onde assentar merecido bofetão ou incontestável bengalada.
Certo é que a vida do cidadão se vai infernizando com a constante angústia existencial por não ter sabido preencher adequadamente qualquer obscuro formulário, no fisco, na (in)Segurança Social, no contrato do telemóvel, ou do fornecimento eléctrico, ou da seguradora; que não tenha assumido, em tempo devido, o prazo para a entrega de declaração, qualquer que ela seja, tendo-se verificado benefício ou usufruto ou não, mas que, em qualquer caso, cuja omissão faz impender sobre o mesmo desgraçado as penas mais penosas dos purgatórios sociais, em forma de taxa e de coima e de multa, criadas e recriadas a um ritmo impossível de seguir por quem faça, de facto, alguma coisa na vida e careça de tempo para isso.
Invariavelmente ouço queixas e lamentos – quando não de mim próprio e tantas elas são… – por haver que pagar a tal taxa, ou coima, a multa, a disfunção, a falta de acesso a uma expectável benesse, porque falhou um «pisco» num formulário, que até pode ser electronicamente preenchido, ou tão-só pelo simples atraso de entrega – cuja multa, por esse lapso, pode ser indetermináveis vezes superior ao benefício usufruído, etc., etc., etc.,…
Assim se mantém toda uma população – fala-se aqui da laboriosa, da pagadora, da que tem da vida uma noção do social, que não da «outra» – refém de um esquema generalizado de terror de onde, por muito estranho que pareça – ou talvez não – apenas passam incólumes os grandes barões, burlões e outros tubarões da sociedade que todos fomos criando ou deixando criar-se.
Assim vamos, pois, tão pseudo-iludidos em vilanezas de troikas e de Passos incertos, como de Sócrates vorazes e de serôdias filosofias.
Assim vamos, ainda que o suposto garante supremo da Constituição da República – que jurou cumprir e fazer cumprir – dê primazia a uma mão-cheia de sebentas universitárias onde ele próprio e os seus pares brincam aos deuses e aos monopólios do nosso descontentamento.
Mas o certo é que vamos. E sempre fomos. E iremos, claro. Sempre em frente e até ao fim do mundo, qualquer que seja o calendário, qualquer que seja o algoz, qualquer que seja a maleita.
Este é o legado que te deixo, meu filho: a nossa ancestralidade, a nossa sobrevivência, inestimáveis patrimónios imateriais da Humanidade.
E quando, na rua, me cruzar com algum daqueles que não têm amor à terra que os pariu, que pretendem fazer da nação a enxovia de onde sugam os seus interesses indizíveis, os vendilhões e os vendidos deste templo que é de todos e em partes iguais, a esses enfrentarei com o olhar sereno e determinado.
Mas se alguma perturbação me pressentires, tratar-se-á apenas da súbita vontade de lhes fazer pagar, aqui e agora, o seu desvario, a sua concupiscência à custa do seu semelhante e a traição à Vida que em cada dia cometem.
E só assim serei capaz de te desejar um feliz ano de 2013, sabendo também que posso contar contigo deste lado do mundo!
by OrCa | Dez 15, 2012 | Sem categoria |
Para registar e ver com olhos de ver:
A Associação Empresarial de Penafiel contratou quatro desempregados a 43 cêntimos à hora para se vestirem de Pai Natal. Segundo o Jornal de Notícias desta quarta-feira, os animadores, operários da construção civil, recebem 83 euros por 30 dias, mais subsídios de transporte e alimentação.
A Associação Empresarial de Penafiel pretendia, para o período compreendido entre 1 e 31 dezembro, quatro pessoas para o «desenvolvimento e promoção de ações de animação do comércio local no Centro Histórico de Penafiel, durante o período natalício e apoio à equipa existente», explica Graça Castro, diretora do Gabinete de Comunicação e Relações Externas do IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P.
«Dos candidatos presentes oito aceitaram voluntariamente a participação neste projeto e foram encaminhados para a entidade (Associação Empresarial de Penafiel), destas foram selecionadas 4 (quatro), de acordo com o número indicado na candidatura», explicou Graça Castro. (
in http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=606179
NOTA: Se dividirmos 83 € por 4 semanas, atingiremos as 48 horas de trabalho semanal; se dividirmos os mesmos 83 € por 30 (!) dias – sábados, domingos e feriados, tudo incluído -, teremos um total de 6 horas e meia de trabalho diário… Que palavras dizer?
Muito para lá da ironia amarga do título que escolhi para esta entrada, há, na verdade, qualquer coisa de miserável naquilo que os mandantes andam a fazer contra a nação portuguesa.
Há, afinal, qualquer coisa de miserável nesses mandantes.
E porque 43 cêntimos por hora de trabalho é qualquer coisa a que não se pode chamar remuneração, nem honorários, por ser aviltante e explorar a carência de tudo, só podemos estar em presença de mais uma manifestação hipócrita da «caridadezinha» que apregoam as Jonets do nosso descontentamento.
Note-se que, se é certo que considero avilante esta exploração, os agentes desse aviltamento são, como não pode deixar de ser considerado, os que contratam e assim pagam o tempo (a vida?) dos contratados e apenas sobre eles incide o ónus do adjectivo.
E quando o trabalho é remunerado como esmola, algo está definitivamente podre neste reino, que urge expurgar com carácter de urgência!
by OrCa | Dez 13, 2012 | Sem categoria |
O autor deste blog, após os últimos chorrilhos de dislates que vieram a público, passou a considerar a personalidade Isabel Jonet como persona non grata do seu círculo de relações e criatura pouco recomendável tendo em vista o saneamento preciso, imperioso e urgente de que Portugal tanto carece.
Ver a minha crónica
AQUI.
Sim e parafraseando alguém, acrescento mesmo: porque não te calas?