sugestão
Para hoje, ao iniciar-se a noite, evocaremos António Feio, no Palácio do Egipto, em Oeiras, no espaço Chá da Barra Villa e com organização do mano, Carlos Peres Feio.
Porque aquilo que de nós resta é a memória e os caminhos trilhados pelos sobrevivos têm mais cor e sabores quando se sedimentam no legado que nos deixaram aqueles cujo exemplo nos orgulha por sermos quem somos, enfim, por sermos gente, lá estaremos. Com gosto, por afecto.
Por sermos gente.
uma sugestão para hoje, em Coruche…
… nas instalações da Biblioteca Municipal de Coruche, ali onde se situava o antigo mercado, mesmo juntinho ao Sorraia, pelas 21h30, os poetas de Um Poema na Vila, homenagearão os amigos.
Como prato forte contarão com o Oeiras Verde – onde, ocasionalmente, também participo – que nos convida a fazer, entre outras desvairadas coisas, um passeio por diversas canções do José Afonso, com preponderância pelo tema desta sessão: Amigo, maior que o pensamento.
com o Oeiras Verde, em Oeiras
e com O Montado – um lugar poético, em Coruche
No corre-corre dos dias que se acinzentam, há sempre alguém que, desperto para outros modos de vida, permanece nela alimentando o sonho e lembrando-nos, a cada passo, que da nossa língua vê-se o mar, como nos diria Virgílio Ferreira. Aliás, como referência que norteia os dois eventos de que faço referência a seguir, nada melhor do que as palavras deste autor para o ilustrar:
Uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir. Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor,como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. Por isso a voz do mar foi a da nossa inquietação.
Assim foi, primeiro com o Grupo Oeiras Verde, no Centro Cultural Palácio do Egipto, em Oeiras, no passado dia 25, ocorreram 15 Ecos de Poetas, efeméride que culminou um ano de acções em torno da poesia que Ana Patacho, acompanhada por Lurdes Pereira, Magnólia Filipe, Filomena Vale, Francisca Patrício e Luzia Pinto da Costa naquele espaço levaram a cabo.
Como convidado participei nesta sessão, mas muito mais como companheiro deste grupo que integrei durante algum tempo e do qual me retirei, com suavidade, por manifestamente o tempo não se compadecer com tanta disparidade de exercícios…
Mas há sempre um tempo para dar ao tempo a oportunidade de um abraço que, aqui, foi também partilhado com a Heloisa Monteiro, a Teresa Rosa, a Teresa Pereira Coutinho, o Luís Cara d’Anjo, o José Rato Machado, o Vox-4… enfim ficou-se aquele espaço plenamente preenchido com os ecos da vozes que importam e, claramente, daquelas janelas passou a ver-se o mar.
Ver mais informações e imagens deste evento AQUI
*
Depois, no dia 26 e no espaço disponibilizado pela Biblioteca Municipal de Coruche, a Galeria do Mercado, Ana Freitas, muito bem acompanhada de afectos, deu asas concretas a mais um projecto que tem sabido crescer com o húmus do montado.
Poema a poema, voz a voz, por entre sobreiros e azinheiras e de Sorraia ali mesmo ao lado, pegou de estaca e floresce um projecto que tem também sabido criar as raízes de que se alimenta o futuro.
O Montado – Um Lugar Poético é o segundo livro lançado, com edição da Apenas Livros, nascido e criado pela participação de todos quantos olharam com olhos de ver para este projecto poético e o assumiram como seu.
Um Poema na Vila, assim se denomina a acção que leva já mais de um ano regular de vida, em Coruche, com participações múltiplas e pluridisciplinares, mas sempre com a poesia como pano de fundo.
Entre outras, uma belíssima surpresa: o Grupo de Cantares Alentejanos, que nos encheu as medidas com a sua arte de cante. Património imaterial da Humanidade? Claro! Basta ouvi-los…
– Uma palavra sublinhada, outra vez e sempre, para a Fernanda Frazão, alma mater da editora Apenas Livros, com quem sabemos poder contar para a concretização atempada e interessada de algum projecto, por mais estranho ou original que possa antever-se, mas que consegue chegar a bom porto graças a tais qualidades e virtudes com que dela contamos.
A mim muito me apraz acompanhar e colaborar com esta iniciativa, que tem contado, também, com o mesmo empenhamento por parte de vários dos colaboradores das Noites com Poemas, que partem de cá das terras de Cascais, em retribuição prazenteira ao movimento inverso que se tem registado, das nossas amigas de Coruche, para com as nossas sessões mensais
E, pronto, ei-lo! Com capa de cortiça, claro! Edição esgotada no seu lançamento, uma colectânea nascida em sessão com o mesmo nome, oportunamente realizada em Coruche, que integra, também, diversas manifestações plásticas que ocorreram, à data, e que ficam documentadas neste precioso livrinho.
Ver mais notícia e imagens deste evento AQUI.
– Fotografias de Lourdes Calmeiro
Al Andalus
33 Moaxahas a Lisboa
No passado dia 18 de Maio decorreu, no castelo de São Jorge, em Lisboa, e pela iniciativa empenhada de Ernesto Matos, mentor e impulsionador do projecto, para além do responsável pelo seu apelativo design, o lançamento do livro Al Andalus – 33 Moaxahas a Lisboa, com o apoio e patrocínio da Câmara Municipal de Lisboa e da Embaixada de Marrocos.
Com a participação de trinta e três autores, pretendeu-se que cada um oferecesse uma visão sobre Lisboa, recorrendo a um tipo de poema que constituiu uma inovação em relação à Poesia Árabe que se praticava até ao século IX.
Conforme refere Myriam Jubilot de Carvalho, que assegurou o apoio literário ao projecto, essa inovação revestia-se de vários aspectos:
– construção estrófica (5 a 7 quintilhas, precedidas por uma «entrada» e terminando cada uma delas por um refrão);
– variação da rima de estrofe para estrofe;
– o poema devia terminar por uma «finda» – em árabe, jarcha – uma estrofe final desgarrada do corpo do poema e que era uma estrofe colhida da poesia tradicional da população ibero-romana.
Este último aspecto testemunha, indelevelmente, a coexistência das diferentes culturas que na Idade Média coabitavam na Península Ibérica, como também salienta a professora Myriam Jubilot de Carvalho.
Do mesmo modo, Karima Benyaich, Embaixadora do Reino de Marrocos em Lisboa, nos diz que «a poesia ocupa um lugar particular no legado cultural e civilizacional luso-árabe… A presente compilação de poemas inscreve-se, por sorte, nesta longa tradição mantida e enriquecida ao longo dos séculos… e são um justo regresso das coisas, um marco suplementar no diálogo poético entre as nossas duas margens».
A «reconstituição» proposta a quem se afoitou a corresponder ao desafio resumia-se a uma entrada, seguida de duas quintilhas, encerradas pelo refrão.
No meu caso, optei por recorrer ao Mirandês como segunda língua a utilizar no fecho da minha moahaxa e aqui fica, para vossa apreciação:
Imagem da Sala Ogival do Castelo de São Jorge, onde teve lugar o lançamento
– Ernesto Matos
– Myriam Jubilot de Carvalho
– eu
Nesta iniciativa tive, ainda, o prazer de ser acompanhado por dois companheiros das Noites com Poemas:
-Eduardo Martins
– João Baptista Coelho
– fotografias de Lourdes Calmeiro
propostas para este próximo fim de semana
– No dia 25 de Maio, sábado, pelas 16 horas, no Palácio do Egipto, em Oeiras:
– No dia 26 de Maio, domingo, pelas 15 horas, na FICOR em Coruche:
Nestes dois primeiros eventos participarei, com enorme gosto e empenhamento. E, comigo, muitos daqueles que também consideram que pela poesia é que vamos.
E, ainda:
MUSICARTE, com David Zink, na radio RDS (em 87.6 FM)
Do amigo David Zink recebi este anúncio que não quero deixar de partilhar convosco. Recomendo vivamente este «passeio» pela Música que David Zink nos propõe. Erudito o bastante para ser um confortável manto de sugestões; leve o bastante para colhermos dele proveito sem constrangimentos no dia apressado.
Porventura polémico – nem outra coisa quero esperar dele. Necessariamente empenhado – porque ainda os há assim mesmo…
Dois bons momentos de rádio. Aproveitem:
Musicarte – Prog 1. – Apresentação – conceito de música
Musicarte – Prog 2. – Música Grega