desenhações (8)

O tempo é de férias, caseiras, acrisoladas e, ainda assim, retemperadoras. Na praia, a água demasiado fria – ou é de mim… – não convida à natação. Lê-se, então. Faz-se algum esboço às três pancadas e, no intervalo da gritaria desatinada da criançada sem pai nem mãe que os tempere, ainda se consegue ouvir o mar… 

quando o vento ameno
em volta
a brisa traça
quando a luz do Sol
de mole
o mar abraça
quando a gaivota
traça a rota
por onde passa
o passado é a linha feita de horizontes
o futuro voga sem rosa-dos-ventos
e a utopia é o lugar onde queremos estar presentes
– «desenhação» e poema de Jorge Castro 

sessões com a Associação Espaço e Memória (Oeiras) – I

Com uma notável programação, esta associação cultural, a que tenho a sorte e o gosto de pertencer, tem vindo a preencher este meu Verão com visitas memoráveis:

Lá por finais de Julho, a visita, jantar e palestra no Forte das Maias, ali no final da praia de Oeiras, fortificação em recuperação e restauro – cuja cor escolhida para o mesmo, bastante mais rosada do que aquela que eu aqui aplico, levou algém a dizer que «há quem escolha cores para estes edifícios históricos como quem escolhe cuecas»… – não deixa, entretanto, de ser coisa notável de ser vista. Ainda que eu partilhe a opinião atrás vertida.

Com belos espaços que virão a ser orienatados para actividades culturais, aí está uma Oeiras para se recomendar.

«As viagens cruzadas de Fernão Mendes Pinto», palestra a cargo de Jaime Ramalhete Neves, condimentou o jantar, partilhado entre os sócios da Espaço e Memória e os Rotários de Oeiras, que o espaço dá bem para muitos..

Depois, rumando ao farol do Bugio, onde Joaquim Boiça sempre nos prende nos caminhos entre o seu saber e o seu sentimento, por ser ele filho de um dos últimos faroleiros e ser essa uma vertente da vida que desfralda qual bandeira, de que traz cada uma das cores no coração.  

É aquele um lugar mágico ou encantatório, ali semi-perdido, semi-esquecido, a meio do rio Tejo, testemunha de pedra à espera de maior sageza dos homens… E tal me sugeriu, no local, a circunstância:
entre o Tejo e o mar
ao sabor do encontro das águas
flutua um farol por desvendar
feito de sonhos e de mágoas
povoado de fantasmas sós
de maré-cheia – maré-vasa
aponta ao céu a sua voz
no grito que lhe traga o golpe de asa
e se nos serviu sempre e nos deu colo
sem receio das águas – sem ter sono
hoje o rio e o mar só lhe dão consolo
entre as praias distantes do abandono…
– poema e desenhações de Jorge Castro

férias 2011 em alguns desenhos

– Burgau, aldeia algarvia de pescadores já quase sem pescadores… –

– mas cheia de recantos entre os meandros das suas ruelas –

– Um passeio ao longo da falésia… –

– a vista da janela do quarto –

– o aparelho de um moinho semidestruído – 

– um velho forte, mais envelhecido pelo desmazelo do homem, ainda que com localização de excelência –

– a falésia, à direita de quem se vira para o mar – 

– os efeitos benéficos do levante –

– em Lagos, antigas nevegações, feitas novas –

– a recuperação da ermida de Nossa Senhora de Guadalupe – gótico, séc. XIII -,  local de romagem onde os antigos navegantes esperavam bons augúrios antes da partida –

– outra antiga casa do Burgau –

– personagens da praia –

– os velhos pescadores – restarão uns seis ou sete… – na sua faina artesanal, obrigados a levarem o pouco pescado à lota de Lagos (…?…) –

– outro trecho do Burgau –

– ouvindo um excelente intérprete numa rua de Lagos –

– e para o ano há-de haver mais… –