Com três letrinhas apenas

Mãe?

E então o til?

O tal que te faz para mim

Seres a única entre mil

Entre mil milhões talvez

Era uma vez essa história

Que por amor me contavas

E eu menino outra vez

Por amor acreditava

Três letras de mãe apenas

Difíceis de soletrar

Contra a noite

Contra as penas

Serenas as tuas mãos

Amenas

Mãos do teu doce afagar

De todas as mães do mundo

Das mulheres todas

No fundo

Porque mãe não há só uma

És uma e só uma

Mãe

És a minha e mais nenhuma

O menino de sua mãe

Sou

Era

E amanhã serei

Alguém com a sorte de ser

Deste mundo todo o rei

E tão só por se saber

Menino de sua mãe

Minha mãe és o poema

Dos versos que me ensinaste

És a rua onde nasci

A terra em que me criaste

Foste a vida à minha volta

E eu em volta de ti

O Sol és tu

Eu a Lua

Mãe

Eu vou contar-te em segredo

Pela vida que vivi

E que te deixo num beijo

Essa verdade que é tua

De outro verso que aprendi:

Quem tem mãe chama-lhe sua…

– Jorge Castro, Maio de 2004