Cascais anda numa fona de originalidades que é de causar vertigens…
A mais recente: o anúncio da criação de um «Ecocentro Móvel de Cascais», conjunto de recipientes destinados a recolher materiais para reciclagem (livros, cabos eléctricos, pilhas e baterias, «toners» e tinteiros, lâmpadas, latas de «spray» loiças e espelhos, «cassettes», dvd e cd, latas de tinta, etc., etc.).
O dispositivo será instalado, em cada dia da semana, numa diferente povoação do concelho.
O anúncio de uma iniciativa porventura cheia de boas intenções, causa-me algumas inquietações e, por favor, não venham com a treta do velho rezingão:
1 – Para eu me deslocar ao local onde se encontra o Ecocentro terei de gastar tempo e combustível… e poluir mais um bocadinho o ambiente. Lá fica uma parte das boas intenções prejudicada.
2 – Fazendo esse trabalho de separação de consumíveis para reciclar e respectiva deslocação, eu, que já pago, neste concelho, tantas taxas por conta da produção de resíduos sólidos (só na última factura lá foram 9,76 €), em que medida vou ser ressarcido, à imagem do que ocorre nalguns países da Europa, por este trabalho que me é solicitado? Valendo senhas para bens alimentares, por exemplo, que talvez contribuíssem, até, para apoio de quem não tenha outros meios de subsistência, sem ter de recorrer à caridadezinha habitual.
Caso contrário, é apenas mais um expediente para pôr cada munícipe a trabalhar de borla em benefício… do que não se sabe, invocando a incontornável «defesa do ambiente».
3 – Colateralmente: quando se faz um folheto de divulgação, é interessante saber algumas regras de escrita. Por exemplo, as siglas não têm plural (que é definido apenas pelo artigo que antecede a palavra): dvd e cd será o ou os dvd e o ou os cd… e não os dvds e os cds. É que, no caso, existe um recipiente para – e cito – «cassetes, DVDS / CDS». Não conheço o partido DVDS, mas posso imaginar que os militantes do CDS não estejam muito confortáveis com esta possibilidade disponibilizada aos cidadãos… Já os ou as «cassetes» são de interpretação duvidosa…
4 – «Projecto-piloto de reciclagem de proximidade» e «implementação da Economia Circular», como são expressões religiosas, não comento.
Vá lá, agora já podem dizer: ele há gajos muito complicados, não há…?