Do coronel Sousa e Castro sobre “E SE EM TANCOS NÃO TIVESSE HAVIDO, NEM ASSALTO, NEM ROUBO NEM FURTO.” (divagações de um cidadão, num domingo invernoso em pleno verão)
 
Deixemos o pequeno buraco na rede da cerca do quartel e o arrombamento sem violência da porta do paiol como peças para finalizarmos o puzzle que nos “atormenta”.
1 – Todo o material em falta é material perecível, isto é, não existe uma única espingarda, metralhadora, revólver canhão ou lança mísseis no rol das faltas. Nem sequer um cinturão ou qualquer outra peça do fardamento e equipamento.
 Por outras palavras, e clarificando, perecível quer dizer que todo este material em falta, era e sempre foi usado em exercícios militares de rotina ou imprevistos e gasto ali mesmo devendo em bom rigor ser abatido à carga, do paiol ou armazém onde foi requisitado logo após cada exercício.
Era esta prática corrente e usual na tropa do meu tempo. Mas também havia graduados , oficiais, que muitas vezes passavam por cima das dotações estipuladas para cada exercício e descartavam os “ resmungos” dos subordinados responsáveis pelo municiamento abusivo extra,  com dichotes e palavrões. O resultado era, quem tinha requisitado o material excedido no  exercício não o abater e depois, raciocínio comum à época, “logo se veria”.
2 – Para esclarecer cabalmente a natureza  “perecível”  do material em falta é necessário desmitificar a forma ignorante com que muitos, e até alguns experts, quer em jornais quer nas TVs, induziram na população, a ideia  que o material em falta incluía armamento e mais grave mísseis. 
Desmontemos pois esta cabala para podermos prosseguir.
 
a )  Da lista oficial de faltas consta uma munição, impropriamente chamada pelos tais experts, de lança míssil ou míssil, mas que se resume a uma granada anti tanque, lançada de um tubo articulado que após o lançamento é descartável e não reutilizável , tal como acontece com o cartucho que contém a pólvora que provoca a saída duma bala. 
Tão simples como isto.
Na verdade é uma arma que só pode ser utilizada uma vez , tal como qualquer granada.
 Para quem se interessa por estas coisas trata-se de um filhote dos panzerfaust nazis, que até uma criança podia lançar.
 Acresce que esta arma, cuja sigla é LAW (Lhigt anti-armor weapon) foi retirada do serviço em 1983, portanto há TRINTA E QUATRO ANOS e o seu fabrico descontinuado como agora se diz. Com o ridículo alcance de 200 metros e sem sistemas de guiamento autónomos foi naturalmente substituída por misseis de muito maior alcance , guiados por fio ou wireless através de lançadores esses sim, sistemas não descartáveis e de grande valor bélico e financeiro , como o míssil TOW ou o MILAN.
Presumo até que se alguém quisesse negociar no mercado internacional esta arma, não só não teria êxito, como  seria alvo de chacota, incluindo dos rapazes do DAESH que estão armados até aos dentes com o armamento mais moderno que há.
Estando em uso no Exército anos e anos a fio fácil é admitir que toda a gente se estaria ca….. como se diz na gíria militar para o seu consumo excessivo e para o acerto das cargas.
 
b)  Todos os outros materiais em falta eram e são  obviamente utilizados e consumidos integralmente em exercícios  de treino.
 
3 – Antes de fechar o puzzle uma pergunta que julgo ser a pertinente face ao acontecimento:
– Se havia paióis na zona, vizinhos do “violado”, com certeza com armas sofisticadas, incluindo os tais misseis TOW e MILAN, além de armamento de infantaria pelo menos com valor militar actual, porque foram os hipotéticos assaltantes abrir a porta do paiol com fraco valor.
Não é por acaso que o comentário do secretário geral da NATO a este desaparecimento de material foi a consideração da sua irrelevância.
 
4 – Acabemos agora o puzzle juntando as ridículas circunstância do pseudo roubo. O buraco na rede e o arrombamento discreto.
Coisa fácil de fazer para quem, acossado pela iminência da  entrega do espólio e da prestação de contas das existências tenha sido impelido  a optar pela diversão naif.
 
Boa sorte aos investigadores da PJ e PJM.