Para nos aligeirar o espírito de tanto fogo, tanta demagogia e tanto desespero, aqui fica um ligeiríssimo apontamento que não tem nada a ver com o fogo, a demagogia inerente e o desespero consequente:

Proponho-vos um exercício curioso: experimentem articular, na presença de petizes ou projectos de jovens – o que eu situaria num escalão etário que vai dos 8 aos 12 anos – expressões idiomáticas que nos estão entranhadas na pele e saltitam quais pipocas no discurso mais informal, do tipo:

deitar os bofes pela boca

ser-se mais papista do que o Papa

ter mais olhos do que barriga

três meros exemplos que me ocorreram, ao correr da pena e em leve conversa com tenra gente. 

Este exercício tem especial impacto nos meios urbanos, claro. O ar de estranheza patenteado pelo nosso interlocutor de tenra idade, que vai da mera incredulidade à ignorância abissal, percorrendo desvairados patamares de não-sabedoria deixar-nos-á com o constrangimento profundo de que não estamos a ser capazes de transmitir o testemunho cultural que nos compete.

E, claro, a culpa não é deles.