– a propósito da investigação jornalística a que se chamou Panama Papers , de que já todos
sabíamos, mas da qual nunca sabemos nada
sabíamos, mas da qual nunca sabemos nada
lavam o dinheiro
sanguessugado
como Pilatos lavou as mãos
e enxugam-no na toalha do nosso
desinteresse
desinteresse
o seu riso alvar de gozo
nem tropeça
naquela criança ranhosa de choro
a quem uma explosão de ódio
matou a mãe
estropiou o pai
e já não tem mais nada a que se possa
chamar humanidade
chamar humanidade
lavam o dinheiro
e riem-se de ti
de nós
pobres crentes pagadores
de promessas
e de impostos
como se assistissem a um circo de
pulgas
pulgas
no desespero dos seus saltos sem
sentido
sentido
lavam o dinheiro
e não têm pátria nem chão
nem cores de arco-íris que lhes animem
um olhar
um olhar
têm um negrume apenas
que os rodeia
e nos impede de lhes definir os contornos
mas todos sabemos onde moram
onde estão
com quem se dão
e
ainda assim
não os conhecemos
mas eles
sim
conhecem-nos bem demais
a todos
e
assim
continuam a lavar o dinheiro
com que nos matam.
que nunca a palavra te doa!
nem a voz…
abraço, meu caro Jorge
Hoje é o dia do povo Romani
um povo livre que não se verga
Abraço