– em declaração
oportuna, aquando da morte de José da Silva Lopes, simultânea na data com a
morte do cineasta Manoel de Oliveira, José Pedro Aguiar-Branco, nosso
incontornável ministro da Defesa, e reportando-se à morte do reputado
economista, deixou-nos esta pérola: «É uma felicidade poder partilhar esse momento com o mestre Manoel de
Oliveira
“…
se eu tivesse a felicidade de
morrer
sei lá eu bem… por ter de ser
mas ser no dia acompanhado
de um cineasta
de algum outro arremelgado
ou até de um iconoclasta
que nos soubesse cantar
um fado
oh que felicidade iria ser…!
assim sim
alguém morrer por ter de ser
mas ir tão bem acompanhado
com outro ao lado
de braço dado
como se dessa fatalidade
nos excrescesse nesse morrer
… a felicidade
porque morrer só por morrer
tem pouco encanto
ou nenhum charme
em qualquer canto
que o desviver talvez desarme
não pode ser!
esse morrer nem que aconteça
se se tropeça nalguma gripe
tem outro encanto
tem outro charme
quando se morre na companhia
de algum VIP
assim nos deixa como louvor
esse ministro algo sinistro
que logo após tal nos ter dito
dá esse dito como não-dito
e para quem não for a doutor
ou nada souber do que isso é
ele esclarece tão-só tratar-se
de involuntário lapsus linguae  
por isso amigo
cautelas é tê-las
faça comigo este juízo
que é do ministro maior aviso
não vá algum diabo tecê-las:
serenamente e com coragem
escolha o parceiro para a viagem
que não se arrisca escolher de
lista
e nessa hora pouco se avista…
se for morrer vossa mercê
escolha com jeito
e com preceito
mate-o você!