– em homenagem a Daniel Abrunheiro e às suas invulgares crónicas – Rosário Breve – publicadas n’O Ribatejo e que eu tenho a sorte de receber regularmente e sempre com espanto… Ou porque tanto tarda uma qualquer Primavera, árabe ou grega ou… 

ontem o céu deu-me andorinhas
por entre nuvens cinzentas
que pairavam violentas
na fímbria do meu olhar
ficou-me o céu a pairar
de repente
na esperança
para lá de onde já cansa
perder-se assim o ficar

pareciam breves
qual brisa
sulco negro que desliza
na berma do meu cuidar

andorinhas viajantes
cruzando
breves instantes
para logo mais voar
pelo céu e pela aurora
e por toda a vida fora
em constante viajar
anúncio de Primavera
e nós por aqui à espera
sem saber porque ficar

mas o céu deu-me andorinhas
… ou foram as avezinhas
que mo deram sem eu ver?

certo é que as nuvens cinzentas
deixaram ver mais azul
e lavaram penas minhas
quando aquelas andorinhas
sulcaram céus e tormentas
trazidas pelo vento sul.

– Jorge Castro