Pois é verdade, quase sem se dar por isso lá vamos indo com o tempo e, de súbito, dez anos foram vividos. Sempre imprevisivelmente. Mas sempre.
Partilho com múltiplos afectos esta realidade que é o Sete Mares, assim como várias outras actividades, não apenas de índole cultural, nas quais cumpro os meus dias. Com os outros. 
Não terei muito para dar além disso. Como José Gomes Ferreira disse, penso nos outros, logo existo. Mais do que lema, um modo de estar vivo. 
Assim sendo, com os meus votos para que 2015 seja um ano que nos alerte para o assumir cidadanias, aqui fica o meu reconhecimento e gáudio pela vossa companhia.   

Dezembro
e já trinta e um
Dezembro
e já trinta e um
e lá passámos pelo tempo
sem que o tempo em nós
ficasse
ou desse sinal algum
a não ser naqueles sinais
que o tempo deixa a quem
passe
e faremos as promessas
das festas do solstício
que amanhã será início
de fazer tudo às avessas
e de havermos de mudar
mudar de ar
ou de roupagem
faremos talvez a viagem
há tanto tempo a esperar
mas há sempre algo a mudar
e tontos menosprezamos
cada segundo em que o mundo
tudo muda de lugar
e com o mundo mudamos
e com ele também rodamos
em espiral
se calhar
e lá vamos
sempre em frente
sempre ao sabor da corrente
que o tempo também consente
a fazermos do presente
esse futuro a chegar
e nada disso é indiferente
somos nós só a andar…
  
– Jorge Castro

31 de Dezembro de 2014