De Joaquim Magalhães de Castro e com edição da Parsifal (Junho de 2014),
Os Filhos Esquecidos do Império,
um livro que nos transporta até aos confins longínquos da Birmânia, por onde os portugueses, navegantes, aventureiros, soldados da fortuna andaram e onde deixaram rasto identitário que permanece até hoje, ainda que cada vez mais desgastado pelo nosso total abandono e desinteresse, sequer sem um gesto, durante séculos a fio, que reforçasse ou restabelecesse os ténues laços culturais que esses filhos esquecidos do império teimam em preservar. Aqui, sim, podemos dizer, contra tudo e contra todos.
Recomendo a leitura, quanto mais não seja para ilustração de uma realidade que ignoramos. Muitos de nós. Quase todos, a começar por quem se alcandorou ao governo deste país tão perdulário em termos de cultura.
Na herança genética, no vocabulário e na religião, pequenos resquícios de Portugal ainda ali permanecem, ainda que esses descendentes nem sequer saibam o que ou quem é Portugal.
Depois, um salto até à Fundação EDP, aproveitando sempre o passeio à beira-Tejo, para ver a exposição de Alexandre Farto (aka Vhils) – com entrada livre, já agora -, autor de obra já espalhada pelos quatro cantos do mundo ou pelas sete partidas do mar, como quiserem, e um pouco como antítese do postal anterior. Muito digna de ser vista!
Aproveitando a estada, uma visita aos demais recantos deste Museu, com muito para ver e aprender, sublinhando o cuidado e qualidade patentes em todos os elementos expostos.
Assim é, nem sempre o tom será de bota-abaixo. O que deve ser dito, diz-se. E assinala-se.
E, enquanto passeamos à beira rio-mar, coalhado de turistas e canas de pesca em busca de melhores dias, tropeçarmos com aquilo em que sempre nos mantemos pródigos: o desmazelo. Ali, mesmo em frente da casinha do mais alto representante da nação, este estado de coisas:
A lápide assim reza: «A Administração do Porto de Lisboa investiu no arranjo desta zona ribeirinha para lhe proporcionar um espaço de identificação com o incomparável estuário do Tejo, berço de relevantes feitos da História de Portugal – Dia do Porto de Lisbboa, 31-X-1991».
A calçada destruída, as pedrinhas amontoadas a esmo, o lixo e a incontornável evidência de que somos exímios a tratar-nos mal, sem precisar de contar com os outros…
– fotografias de Jorge Castro