Se a loucura é a raíz da filosofia ou, melhor dizendo, recorrendo ao Marquês de Maricá, a razão dos filósofos é muitas vezes tão extravagante como a imaginação dos poetas,  partimos para esta viagem no tempo e no saber, pelas mãos desses «loucos» do amor ao conhecimento que, com o auxílio agora de Virgílio Ferreira, não buscam um meio de descobrir a verdade, mas que a utilizam, como a arte, como um processo de a «criar».
E estávamos bem providos, na sala, com o nosso convidado, o professor Manuel Dias Duarte, o autor da obra em lançamento nesta sessão: Vidas, Doutrinas e Sentenças de Pré-Socráticos Ilustres (com edição da Fonte da Palavra), apresentados ambos, o autor e a obra, com empenho e brilhantismo, pelo professor António Monteiro.

Dadas as boasvindas a quantos ilustres resistentes arrostaram – e não foram poucos – contra uma noite de intempéries e de «avisos laranja», com o objectivo liminar de partilharem a arte do encontro em redor da mesa dos saberes…

 … passámos, de imediato à apresentação dos nossos convidados. 

O livro, cuja autoria, num exercício de partilha e de homenagem, 
Manuel Dias Duarte torna extensiva a Diógenes Laércio

Disponíveis nesta sessão dois romances, também, da autoria de Manuel Dias Duarte: O Professor Simão Botelho e Barco Encalhado na Areia

 – o professor Manuel Dias Duarte
– o professor António Monteiro

António Monteiro proporcionou-nos uma viagem pela Filosofia e pelos seus cultores – se aqui o termo é de aplicação pacífica – estabelecendo as pontes com o presente que se consubstanciam na obra apresentada por Manuel Dias Duarte, em dissertação de fácil entendimento, ainda que sem recurso a facilidades, assumindo, também, essa objectividade subjectiva que, necessariamente, enforma cada um de nós, em cada momento, temporal e circunstancialmente considerado.

Logo mais, a palavra ao autor, que com bonomia assertiva, discorreu sobre os comos e os porquês da obra feita, estabelecendo um curioso paralelismo entre o período de transição de um modo de sociabilidade para outro, conforme o viveram os pré-socráticos objectos do seu estudo, e os nossos dias….

… mas que também nos brindou com a leitura de poemas de Parménides (Sobre a Natureza das Coisas) e de fragmentos de autores vários referidos  na obra.
Estes, conforme se respiga da contracapa destas Vidas, Doutrinas e Sentenças de Pré-Socráticos Ilustres, terão sido «não só os críticos mais consequentes da anterior formação económica e social como os ideólogos de uma outra concepção do mundo e da vida. Deles se pode dizer que não se limitaram a interpretar, antes quiseram e conseguiram revolucionar e legitimar as novas relações sociais de prodção e de reprodução. Nisto consistiu o ‘milagre grego’.»
E, por fim mas não menos relevante, diz-se: «Numa época de éticas sem moral alguma e de comportamentos e hábitos sem qualquer eticidade, a releitura dos seus textos pode sem dúvida contribuir para repensarmos os arquétipos da cultura europeia
Pessoalmente, nada mais me resta do que subscrever tal recomendação, com sublinhados.

De seguida, a «segunda parte» da sessão onde, como sempre, tentamos traduzir em forma de poema o que o convidado e o tema trazidos nos suscitaram.

Contámos com o empenho interessado de muitos e bons amigos, como sempre. Permitam-me, entretanto, que acrescente aos adjectivos merecidos o espírito de scrifício e solidariedade que nos chega dos participantes que se deslocaram propositadamente de Coruche, em noite de tal quilate, para nos honrarem com o seu companheirismo, que tantas vezes enriquece ainda mais as nossas sessões… Grupo este cuja actividade, por terras de Coruche e com Ana Freitas como timoneira, está em vias de cumprir o seu segundo aniversário, já em Fevereiro próximo. 
– Ana Maria Patacho

– Carlos Pedro

– Alzira Carrilho

– Francisco José Lampreia

– Ana Freitas

– Ana Neves

– Eduardo Martins
– João Baptista Coelho

– Idália Silva
A homenagem e o agradecimento ao nosso convidado por nos ter proporcionado mais uma excelente sessão, a 93ª das Noites com Poemas .
E uma bela surpresa para o encerramento:

– Síbila Aguiar

E, como sempre, o convívio final, com a imprescindível sessão de autógrafos, oportunidade única e, por contraditório que pareça, sempre reiterada de estabelecer novos contactos, promover novos desafios, estabelecer novos conhecimentos ou restabelecer antigos. 

– Fotografias de Lourdes Calmeiro