Imaginem uma necessidade premente de contactarem telefonicamente os serviços da Segurança Social em nome de um familiar que, por razões de doença, não está em condições de o fazer. Sei lá… por exemplo, para tratar de uma isenção em taxas moderadoras que tarda em efectivar-se…
Sabem o que vos vai acontecer? Uma senhora simpática, do outro lado, diz-vos que poderá transmitir a informação necessária, também telefonicamente, mas apenas mediante a autorização, outra vez telefónica, do próprio beneficiário.
Então, mesmo sem desligar a chamada, vocês chamam o tal próprio beneficiário – que pode mesmo ser ele ou talvez não – que, ainda uma vez mais e sempre ao telefone, confirma que, sim senhora, está a autorizar a prestação da informação a terceiro.
E a informação é-vos transmitida.
Se isto não é a manifestação cabal de que estamos a viver num regime de estupidez institucionalizada, então é o quê?
Claro que vos serão solicitados alguns dados identificativos. Mas esses obtêm-se em qualquer lado e sobre qualquer cidadão, sem grande esforço.
Pessoalmente, até considero aligeirado o procedimento, que nos alivia de deslocações sempre incómodas. Mas, por outro lado, onde é que mora a reserva de confidencialidade que se deve esperar em matérias onde ela é ponderosa?
Vejamos: estas coisas têm sempre por trás um despacho regulamentar interno qualquer, que alivia os funcionários de responsabilidades espúrias. Assim sendo, também neste caso, terá existido uma inteligência qualquer que definiu que, a bem do cidadão, esta confirmação telefónica seria útil e necessária e, seguramente, muito mais simplex.
Mas a verdade é que, pelo menos enquanto os telefones não reproduzirem a imagem de cada utente, qualquer um pode dizer, ao telefone, que é o senhor fulano de tal e que confirma tudo e mais alguma coisa… ou não será?
Colocada perante esta dúvida, a senhora funcionária simpática, em resposta, riu-se muito simpaticamente. Eu também. Mas agradeci muito a informação que me foi transmitida.
a burocracia é estúpida por natureza…
abraço