NOTA PRÉVIA –  Antes de qualquer outra consideração e sem qualquer cometário espúrio face à dimensão do acontecimento, aqui fica lavrado o testemunho da minha eufórica e feliz alegria pela assunção clara de cidadania que o dia 15 de Setembro de 2012 representou, em todo o território nacional e, até, nas diversificadas diásporas onde o povo português é e está e sabe ser!
Quando os Passos que nos caem em sorte se convencem que (des) governam um povo abúlico e perenemente desmotivado, dá os passos perdidos que sabemos. Um dia o tiro sai-lhes pela culatra e o arrepio de tão mau entendimento talvez já não seja viável.
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Em Coruche, pela mão de Ana Freitas e de um grupo de amigos maiores que o pensamento, no Café da Vila, no passado dia 14 de Setembro, fui alvo de homenagem – coisa sempre de deixar emocionalmente «arrumada» a mais empedernida das almas… Que dizer quando a alma em questão é tão atreita à «pieguice», que, pelos vistos, tanto incomoda quem se afasta dos caminhos dos afectos…   
Nada faltou no desvelo com que fui tratado, tendo até sido presenteado, pela mestria de David Carrapo, com belos momentos musicais que, muito mais do que preencherem o tempo, deram alento ao início da tão agradável sessão que se seguiu.

A noite resolveu, também, ajudar à festa, brindando-nos com uma muito amena temperatura, convidando a que a esplanada do Café da Vila se arvorasse em plateia, bem preenchida, coisa sempre notável quando o tema é a poesia… e ainda para mais tratando-se de homenagem a este quase ilustre desconhecido.

O mote foi A Poesia – Outro Modo de Respirar, que Ana Freitas introduziu, com as seguintes palavras:
Sendo o respirar o acto primeiro e a prova de estarmos vivos, todos nós temos muito que respirar. No nosso percurso de vida, vamos escolhendo meios de o fazer, por exemplo, através da simples conversa ao debate organizado, ao exercício físico, do desenho à música, à pintura, da leitura à escrita.
Jorge Castro, o nosso homenageado, escolheu, e o seu muito talento assim lhe permite, muitas artes para respirar! 

E foi dizendo de mim o que algum pudor me impede de reproduzir…
Logo mais, coube-me tentar retribuir tanto carinho, tendo recorrido a uma mão-cheia de marcos literários, que me ajudam a perceber alguns porquês do que vou fazendo nestas lides…

… e chamei à colação José Fanha, Urbano Tavares Rodrigues, Eugénio Lisboa, José Gomes Ferreira, Bertolt Brecht e, até, algumas peças da indústria, para melhor documentação de quantos me fizeram o favor de estar presentes para este simpático e envolvente abraço.

– Rosário Freitas

– Tomiça

– Augusta Santos

– Estefânia Estevens

– Carlos Gaspar

A nossa organizadora do evento, Ana Freitas, providenciou e caprichou tanto nos pormenores desta sessão que se lembrou até de fazer anos nesse mesmo dia, ao que lhe retribuíram com várias merecidas surpresas.

No intervalo para a segunda «rodada», David Carrapo ofereceu-nos nova ponte musical.

– Como há sempre coincidências na vida, por mais que delas nos queiramos alhear, não é que dou com essa singularidade de o edifício onde se encontra localizado o Café da Vila se denominar Edifício Orca? Ele há coisas do arco da velha!

– Rosa Pais

– Alzira Carrilho

– Francisco José Lampreia

– Maria Augusta Ambrósio

– Palmira Gaspar

– Isilda Gagueja

– Idália Silva

– Arlindo Pirralho

– Ernesto Fonseca

– Joaquim Laranjo

– Gracinda Maia

E não foram poucos os remoques e alusões que este cordão de poetas lançou aos desconchavos do desviver a que tanto (des)governante nos quer obrigar, sem acautelar saberes e sentires, enfim outros modos de respirar dos cidadãos que enformam a nação que somos, numa demonstração inequívoca de que a pacatez do povo não é sinónimo de falta de atenção, espírito crítico e capacidade de mobilização, como, aliás, os acontecimentos do dia 15 tão bem revelaram.

E Ana Freitas encerrou o evento. Cordial, simpático, motivador… sei lá como adjectivar  mais sem cair no risco de me arvorar em juiz em causa própria. Olhem, é como sempre digo: tivessem ido e logo veriam! E Coruche, em querendo, terá também longevidade  a destacar em sessões poéticas. Os dados estão mais do que lançados.
Foi bonita a festa, pá, estamos contentes… e tanto que ainda se encontrou ímpeto para rematar a noite em mais folias, com o excelente pretexto da recomemoração do aniversário de Ana Freitas, que juntou a todo o empenho na organização desta pequena-grande efeméride, os seus dotes de óptima anfitriã. Chá e vinho do Porto, bolos confeccionados com mil afectos… Mais palavras para quê? 
 Estou em crer que é muito por falta disto que os Sócrates, os Coelhos e outros Gaspares são como são, agem como agem e secam tudo em seu redor. Falta-lhes muito o viver a vida com outros modos de respirar.
– Fotografias de Lourdes Calmeiro