Uma vaga de frio polar assolou-nos, pelo menos segundo tudo quanto são os avisadores da catástrofe nacional… e quase ninguém deu por isso. Num qualquer sinistro, as vítimas mortais foram setenta e duas ou três ou quatro ou oitenta e cinco, consoante o «órgão noticioso» que propala a notícia. A libertação de um prisioneiro israelita é «trocada» pela libertação de quatrocentos e cinquenta palestinianos. Este ano o Carnaval português é só para alguns e pensa-se que esses alguns possam (ou devam) não ser piegas. O quadro «Os Jogadores de Cartas», de Paul Cézanne, é vendido e comprado por 250 milhões de dólares, sendo o comprador a real família do Qatar, a qual vive repimpada sobre os custos do petróleo que promove em seu benefício. Onze mil crianças morrem de fome no mundo, a cada dia que passa. Um sem-abrigo foi condenado a multa de milhares de euros por furtar um champô e uma bebida num supermercado do norte. O governo português prepara-se para injectar mais 600 milhões de euros no BPN, para o vender, de seguida, por 40 milhões. Na Europa começam a proliferar os políticos não eleitos à frente dos destinos dos respectivos países, ditos democráticos…
Não há qualquer fio condutor nestes nacos desgarrados, para além de serem eles sinais palpáveis da actualidade a que nos deixamos conduzir, um pouco por todo o mundo.
Qualquer noticiário desta actualidade num simples dia é profundamente mais surreal do que foi alguma vez um filme como «O Mundo Cão», que nos sobressaltava de estranheza há umas poucas dezenas de anos.
Urge acabar com isto antes que isto acabe connosco.

E ñem sei se estou a ser piegas ou se estou a ser pessimista em demasia. Mas estou, seguramente, a reflectir aquilo que uma misérrima mão-cheia de políticos de pacotilha anda a fazer.