Para memória futura. Como não me orgulhar?
A noite gelada propiciava muito mais a proximidade da lareira do que alguma deslocação com acompanhamento por devaneios mais ou menos líricos…

… mas, ainda assim, havia que dar bom cumprimento aos compromissos estabelecidos, antecipando, de caminho, alguma imprecação contra os deuses das intempéries, tão useiros e vezeiros em estragar as festas. 

Valter Amaral, enquanto anfitrião da Biblioteca,  honrou-me com uma muito simpática e amável introdução da sessão.

Fernanda Frazão esqueceu-se de ser a responsável da Editora Apenas Livros, para se remeter «apenas» ao papel de excelente amiga, em sala repleta de amizades.

A mim coube-me então falar do meu próprio livro, apresentando-o. O que cumpri através da leitura de vários dos poemas nele contidos. 

Mário Piçarra, companheiro de muitas estradas, presenteou-nos com criações musicais de sua autoria sobre poemas meus, revelando-se a muitos dos presentes como o óptimo compositor que é.  

Venha de lá esse cd que a amostra deixou-nos com água na boca…

Fechei o programa com a leitura de mais alguns poemas deste livro, que colheram farto aplauso, o que levo à conta da sala estar, como disse, muitíssimo bem preenchida de amizades de diversos quadrantes.

Ia a noite alta e ainda chegaram a tempo algumas imprescindíveis personagens, para o meu estado de graça mais se ampliar…

Leitura acompanhada, na verdadeira acepção do termo, que propicia uma maior comunhão entre quem diz, o que é dito e quem o recepciona.

Por fim, a inevitável «tendinite» dos autógrafos… e lá se foi a primeira tiragem, amiga Fernanda! 
– fotografias de Lourdes Calmeiro e de Lídia Castro

Deixo-vos com o soneto de abertura:
perdi tempo por demais na minha vida
perdi tempo por demais na minha vida
para não olhar agora para a flor
para agora me prender no desamor
de passar toda a vida mal vivida
olho e vejo tudo quanto em meu redor
me seduz ou conforta na corrida
me perturba ou magoa qual ferida        
mas transforma o porvir em bem maior
perdi tempo em desamor – em desatino
perdi tempo demais que tanto falta
neste andar sem ter norte – peregrino
e agora quero o tempo em maré alta
esse tempo da cor breve do destino
que por ser azul demais me sobressalta.