– Antes de mais: fala-se, nesta crónica, das arrebatadas razões esgrimidas por um jovem num dos recentes Prós e Contras da RTP, coisa que poderá ser vista aqui, para melhor esclarecimento.

Pronto! Depois de muito batalhar a ouvir o que um Miguel Gonçalves disse no programa Prós e Contras e que circula por aí como exemplo de nova militância obreira, acabei de concluir que o rapaz, embora possa até estar imbuído das melhores intenções, não passa, objectivamente, de assumir o papel de vendedor da banha da cobra dos tempos modernos.

E por variadíssima ordem de razões. Desde logo porque parte, sem medo, de uma série de pressupostos que, por muito má sorte nossa, não existem.

Não existe isso de tentar uma solução de vida uma vez e outra e mais outra e outra ainda, sem que todos os dias, enquanto se vai tentando, haja necessidade de comer – o que, por si só, condiciona a abordagem ao «mercado».

Não existe isso de «oferecer a mais-valia que o empresário procura» na traineira que sai para a pesca, pelo menos na perspectiva modernaça que o jovem Miguel lhe quer atribuir, sob pena do jovem em início de laboração na pesca ser lançado borda fora, no máximo, ao segundo dia, pelo mestre.

Não existe isso da criatividade exacerbada e sempre à frente quando se trata de fazer uma recolha diária de lixo municipal ou providenciar a limpeza de dejectos de cão na via pública.

Não existe também essa capacidade de perseverança quando a vergonha e/ou a penúria em casa obrigam um jovem licenciado a inscrever-se como caixa do supermercado, como forma liminar de prover ao sustento do dia-a-dia.
 

Ver a crónica completa no blog PERSUACÇÃO