Recebi hoje esta mensagem, com a simples indicação de autoria de JB. Não sei de todo quem seja. Mas de tal modo, em três pinceladas, denuncia o cerne de muitas das questões que nos afligem, que me senti obrigado a partilhar convosco o seu conteúdo, com uma altíssima chapelada ao autor. Cá vai:
Terça-feira, 3 de Maio de 2011, Portugal:
A RTP1, empresa pública muito zeladora da sua missão de serviço público, transmitiu um jogo de futebol entre dois clubes estrangeiros no horário em que normalmente estaria a transmitir o Telejornal.
O Primeiro-Ministro esperou pelo intervalo de um jogo de futebol entre dois clubes estrangeiros para fazer um comunicado ao País sobre o acordo com o FMI – comunicado em que, afinal, não ouvimos um Primeiro-Ministro mas um candidato a Primeiro-Ministro em campanha eleitoral.
A RTP1 retomou o assunto depois de ter terminado a transmissão do jogo de futebol entre dois clubes estrangeiros.
Dá que pensar…
Dá que pensar sobre o admirável serviço público da “nossa” televisão, sobre o admirável sentido de Estado do nosso Primeiro-Ministro,sobre o Admirável Mundo Velho de um político e de uma televisão ajoelhada. Golpe de marketing, manipulação, controlo das mentes, areia para os olhos dos portugueses, os mesmos de quem o senhor candidato a PM espera os votos da reeleição.
Mas também dá que pensar sobre os nossos valores como Povo. Condicionar o horário de graves assuntos, directamente relacionados com a resolução dos nossos profundos problemas, ao horário de um jogo de futebol entre dois clubes estrangeiros? Triste (ou será, antes, Admirável?) País que precisa de Ronaldo e Mourinho (que até esteve ausente) como analgésicos para as suas dores…
Como escreveu George Shaw, “A democracia é um método que assegura que não seremos governados melhor do que merecemos.” Que tenhamos isso bem presente a 5 de Junho.
JB
NOTA ós-despois – Já me chegou a autoria: João Barbosa, muito curiosamente um animoso «companheiro de armas» no mundo das escrevinhações, o que mais me apraz registar.