Mais uma sessão supimpa decorreu, reiniciando, pelo sexto ano consecutivo, as Noites com Poemas e cumprindo a sua 56ª sessão. 
Uma outra vez, também, uma sala plena de pessoas que consideram que vale a pena manter e cultivar essa arte do encontro com os seus concidadãos, numa demanda descontraída de convergências em torno de interesses que se adivinham comuns.

Descontraída, ainda que não desinteressada. E não é fácil, nem denominador comum, na sociedade presente, ainda para mais quando a motivação é essa coisa etérea a que chamamos poesia e a paga a não menos etéria cultura dos afectos.        
Certo é que Elisabete Piecho «desmembrou» a poesia de Regina Guimarães – que lhe autorizara devidamente tal «afronta» -, recortando em múltiplos pedacinhos de papel as suas palavras com sentido, extraídos de dois livros da autora, e propondo aos circunstantes que reconstruíssem cada poema a seu bel-prazer, em pequenos grupos de circunstância, ali criados, em novos e diversos enlaces que o trabalho de cada grupo sugerisse.  
Foi esta, então, uma sessão de muito fácil seguimento, permitindo até pausas descontraídas, enquanto na sala o ruído produtivo das mentes, desenvolvendo a nova arquitectura de cada poema se fazia sentir… 
Depois, tratou-se tão só de dar corpo e voz a cada «novo» poema…
… logo mais confrontado pelo poema original pela mão e voz de Elisabete Piecho, invariavelmente com a surpresa de que os tais novos enlaces criam lógicas próximas mas nunca coincidentes e as palavras originais parecem desdobrar-se em multiplicidades de sentidos que, afinal, já nelas residiam semi-escondidos. 
Como sempre, o segundo tempo de cada sessão promove a ronda por todos quantos tragam algo para nos dizer…
E é claramente com o maior agrado que todos nos apercebemos de que o tempo, além de correr depressa, nos parece cada vez mais curto e outro tanto, além do dito, nos ficou por dizer
A autarquia e a Direcção da Biblioteca Municipal de Cascais certifica, pelo punho da senhora vereadora da Cultura, Dra. Ana Clara Justino, o reconhecimento pela acção meritória de cada convidado, o que será simples gesto mas prova bastante da solidariedade que se procura, entre munícipes e município, nos caminhos que as boas vontades, de parte a parte, não apenas constroem, mas transformam também em percurso facilitado.