Homenageando um avô  António a quem o neto inspira excelente poesia, dei por mim a fazer eco das suas sugestivas imagens e a lançar-me em devaneios e, montando o cavalinho de pau, partir a dar-lhe  a esse amigo o abraço que este meio proporciona…
a idade dos moinhos que se queremos são gigantes

onde todos os combates que temos valem a pena
e o dia não se esgota na noite escura e pequena
por ânsias do novo dia que sabemos já lá vem
onde cavalgamos nuvens sem receio de cair
porque as nuvens dão as asas a quem as quiser ouvir
e onde a vida sempre sobra
e vai sempre mais além
e as frutas são lambuzos com que pintamos o vento
e as árvores castelos
e as campinas são de ouro
e o mar esse tesouro onde se perde o sonhar

a idade dos caminhos sem destino e sempre em frente
a descobrir algum ninho onde a vida é mais urgente
e correr nalgum trigal de espigas sempre-vivas
como à noite o madrigal de esperadas despedidas
renovadas
repetidas
boas sempre de esperar
montar cavalo de pau
e ter sempre alguma nau a jeitos de navegar

era uma vez eu menino
e tinha em mim a matriz de não crer nalgum destino
sem ser aquele que eu fizesse

ah voltar a ter moinhos
e destinos
e caminhos
todos quantos eu quisesse…

– poema de Jorge Castro, com um forte abraço ao Manel… António.