O autor, David José Silva, tem o primeiro contacto com a obra concluída. Com os seus dezasseis anos, poderemos assumir uma paternidade precoce… … à qual, uma vez mais e sempre, a Apenas Livros não hesitou em apoiar, dando forma à substância.

No espaço Memória dos Exílios, no Estoril, decorreu – de forma integrada com o lançamento deste primeiro livro de um nóvel poeta – a 50ª sessão das nossas Noites com Poemas, consubstanciadas nas tais 125 horas em redor da poesia, sempre anunciadas em cartazes criados, sessão a sessão, por Alexandre Castro.

Helena Xavier, a nossa anfitriã, a par com Ana Margarida Antunes, deram guarida com as costumeiras cordialidade e cortesia, a esta invasão de heterogéneas personagens…

… ao mesmo tempo que se congratulava, também ela, com um percurso onde convergentes vontades têm originado momentos tão especiais como o foi o lançamento desta primeira obra de David José Silva.

Fernanda Frazão, pela editora Apenas Livros,

O autor, com a intranquilidade do momento sujeitada pelo calor dos afectos, deu de si na sua alocução o que dele conhecemos e que não deixa, por isso de nos surpreender: uma esclarecida e lúcida maturidade.

De seguida, um colar de companheiros de jornada deram a conhecer, de viva voz, a obra em presença, começando pela Maria Francília Pinheiro

… passando pelos Jograis do AtlânticoEdite Gil e Francisco Félix Machado -… cujo gosto na selecção feita foi idêntico ao meu, conforme me disse o David, mas tiveram a amabilidade de efectuar nova escolha, em meu benefício.

A constância solidária e, também, esclarecida a que o João Baptista Coelho nos habituou, desde os primeiros passos das Noites com Poemas, manifesta pela sua poesia como pela sua atitude, através deste seu abraço ao David… nas tais pontes com que se constrói o futuro.

Até chegar a minha vez, com o apadrinhamento assumido deste autor, David José Silva, e do seu primeiro trabalho. Apadrinhamento que me honra muito mais do que me envaidece. Mas que me traz novos alentos, também.
Puxando a brasa à minha sardinha, tentei estabecer um paralelo por determinações e persistências entre a nossa realidade e a daquele recanto de Portugal onde mergulham as minhas raízes, as terras de Miranda do Douro, reflectidas na preservação de uma língua – o Mirandês – peça cimeira de uma identidade cultural que, diversa embora, contribui decisivamente para o enriquecimento do património nacional.

Não haveria momento mais oportuno para fazer a sua entrada em cena o som da gaita de foles de Miguel Galante, sempre arrebatador, obrigando-nos a esforços de contenção para não saltarmos das cadeiras em celebração…

Clarinda Galante abriu a segunda parte das participações, dando relevo, uma vez mais, à poesia de David…

… seguida por Francisco José Lampreia, com poema de sua autoria, mas com dedicatória ao novo autor e companheiro já de diversas jornadas.

Estefânia Estevens cantou-nos o Sul, como sempre, surpreendendo-nos e encantando, apesar de enormes condicionalismos vocais, ela como o Francisco, frutos da época invernosa que vamos passando. Mas se os houve, não se notaram, tal o empenho…
E, também ela, criou as pontes que uniram o País nesta espécie de abraço.
A sala – e permitam-me o registo em tom maior de orgulho e gratidão – cheia! O David o mereceu e quer os seus colegas de escola, como os seus professores, de mãos dadas com os companheiros dos poemas, responderam presente, contribuindo para que o dia de grande se fizesse maior, sinal que perdurará, decerto, nas boas memórias do jovem autor.

Houve tempo, ainda, e como sempre é nosso apanágio, para dar voz a quem se afoitasse a partilhar a sessão, com o contributo enriquecedor de uma outra visão, de uma outra abordagem, que diversifica, enriquecendo-o, o património genético deste espaço.

Eloisa e Mário Piçarra uniram, uma outra vez, a poesia à música. Mas com o enlevo todo especial de nos terem oferecido inéditos, com que também brindaram o novo autor…

Vindos de um tempo em que a música e as palavras desenvolviam uma cumplicidade criadora, os sons trazidos mostraram que esse tempo é, ainda, hoje.

Depois, num impulso intempestivo, um acto de amizade e muitas emoções, trazido por um colega de escola e da espiral da vida, que trouxe um arrepio à sala tal a dimensão humana do improviso. Só (ou)visto!

E a cúpula, o remate que se quer ponto de partida para novos voos, a sessão de autógrafos. Não teve aí, o autor mãos a medir, que bem lhe avisaram os mais «experientes» que se preparasse para a tendinite…
E aqui eu testemunho, por tantos lançamentos assistidos, que tomara muitos consagrados um tal sucesso de lançamento. Larguíssimas dezenas de autógrafos, a fazerem entrar a sessão pela noite dentro e pelo dia seguinte e promovendo, assim, um intenso convívio entre os circunstantes, definitivo culminar do objectivo a que todos nos propusemos.

A Terra Fria, a que David José Silva soube emprestar calor, envolvendo-nos pelo exemplo.

D’A Terra Fria à Terra-Mãe, como diria Sebastião da Gama, pelo sonho é que vamos!
– fotografias de Lourdes Calmeiro