Rumo às Caldas da Rainha e a um cozido à portuguesa, no Restaurante o Selim, para início de conversa… Por lá decorre a 1ª Mostra Erótico-Paródica das Caldas da Rainha – Terra das Malandrices, o que é suposto constituir condimento necessário – que não se revelou, entretanto, suficiente – para o êxito do encontro.
Valeu o espírito dos convivas que supera, sempre, as expectativas (e as exposições com que se contava…), modelando esse barro que dá forma a um salutar cnvívio, de que andamos tão carenciados.

Dir-se-ia que, pelas Caldas da Rainha, o ambiente é fértil na promoção de inusitadas malandragens…

Depois, se nos imiscuirmos nos meandros da problemática, acabaremos por concluir que nem é tanto assim, falhando rotundamente quem assumiu institucionais responsabilidades mas cuja margem de subversão está arredada de tais pensadoras cabeças.
Mas o que interessa é a predisposição com que o grupo sempre se empenha em arejar ideias contra o habitual cinzentismo dos dias…

Antes de mais, uma passagem pelo mercado da fruta, esse sim genuíno, de legumes e de outros mimos da região, onde não faltaram sequer os beijinhos das Caldas e outras meiguices, como ponto de encontro, rumo a mais uma efeméride promovida pela Dona São…
Fizeram-se acções de rua, com música, canto e poesia, sem patrocínios ou empurrões, apenas pela fruição da coisa…

Calcorrearam-se, depois, os diversos espaços onde, se se podia testemunhar alguma irreverência criativa nos expositores, o abandono ou ausência de motivação, nesses mesmos espaços, deixava nas mãos da paciência e do espírito de curiosidade do visitante todas as despesas dos circuitos.

Como habitualmente e não deixando créditos por mãos alheias, demos a volta às exposições, promovendo entre os circunstantes as abordagens mais ou menos alucinadas à matéria em análise.

Chegou a constar que havia um grupo excursionista evoluindo pelas Caldas e que, em boa verdade, proporcionou algum calor humano aos espaços que mereceriam – até pela temática – outro calor ambiental, promovido pelas instituições envolvidas.

Depois, também, como habitualmente, a criatividade à solta permite desenvolvimentos que não lembrariam ao Diabo, se ele fosse gente…
Para vários gostos ou feitios, a aridez dos espaços promovia, no entanto e em contraponto, o esmorecimento de entusiasmos com que os visitantes iriam imbuídos…

Mas tristezas não pagam dívidas e lá fomos encontrando artes de animar o que morto parecia…
Deparámos, até, com velhas amizades, a trazerem-nos de longe, a tal irreverência que se buscava.

Encontros houve, por vez primeira, que, ainda ia a sessão a meio e já prometiam voltar….

Dos autóctones, a par de uma atitude aparentemente determinada, se recolhe, ainda assim, um discurso dúbio.

Então, porque dos fracos não reza a História, como é sabido, ressarcimo-nos, no Café Machado, ferrando o dente na matéria em apreço, que esta vida são dois dias…

E o café conheceu uma inesperada vitalidade, condimentada com cházinho e brejeirices.

Alguns costumeiros nestas andaças deram corpo ao manifesto e o momento aqueceu os espíritos

Na rua chovia, mas no Zé do Barrete o bacalhau estava uma delícia, a conversa boa e, uma outra vez, entre libações as mais variadas, se cantou e houve poesia.
Ao Paulo, à Joana e à Mariana fico devedor de mais uma belíssima versão cantada de um poema meu – ainda há-de sair cd, gentes!

Houve, ainda, quem se encontrasse, reencontrasse e treencontrasse, folgando e rodopiando a bel-prazer, com invejas indisfarçadas e explícitas de alguns outros.
Daqui vos asseguro, amizades, que só mesmo caso de forcinha muito maior me impedirá de estar no próximo… e isso é mesmo o que de melhor trago destes excelentes encontros: a saudade já do futuro!