No esplêndido cenário da Casa do Alentejo, em Lisboa…

… fui, com alguns amigos, assistir, por descaminho que recebi no Facebook, ao lançamento do livro de poemas de Samuel Costa Velho, com edição da Temas Originais, de Coimbra, editora jovem apostada na divulgação da poesia, já com uma bela mão-cheia de títulos a seu favor – contacto: Paulo Afonso Ramos – temas.originais@gmail.com.
Lamento dizer que, de quem esperava ver do Facebook, não vi ninguém, afinal. Mas não dei o tempo por perdido, pois se nos habituarmos – e parafraseando o título – a tanto tempo sem nós, aprendemos a reganhá-lo com os que estão presentes. Assim a modos que um «if you can’t be with the one you love, love the one you’re with», dos Crosby, Stills & Nash, se vocências bem se recordam…

E, de súbito, a grata e inesperada surpresa – aqui a tautologia é propositada! – de ver uma sala cheia de gente nova, congregada para o lançamento de um livro de poemas. Mérito do autor, decerto, que como a experiência bem me ensinou, deve ter artes de cultivar essa coisa especial que se chama afecto, para encher assim uma sala deles.
Como laracha, com ponta de inveja, comentei com os meus acompanhantes mais próximos que, finalmente, assistia a uma sessão de poesia em que eu era dos mais idosos da sala. Bom prenúncio em favor da poesia, claro!

Do autor, que de Velho tem não mais que o apelido (n. 1984), deixo-vos um dos poemas que por lá eu disse, espontâneo, como outros mais por lá se disseram:
Ontem à noite caiu-te uma canção da boca
E ainda a tentei apanhar.
Distraído saltei e quase que a toquei com a ponta dos dedos.
Se não fosses tu a agarrar-me pelo braço,
tinha caído,
esquecido que à noite
adormecemos de mãos dadas
a centenas de metros de distância
do chão mais próximo.

Depois, os autógrafos, a encerrar, já com as mãos em forma de adeus. Longa vida a Samuel Costa Velho, felicidades e continuação…
Como sempre, confirmei que o que de melhor há nestas vidas virtuais (Facebook, etc., etc.) é mesmo o darmos o corpo ao manifesto. E o resto são cantigas.