Não estando eu sujeito a qualquer disciplina partidária e apreciando muito a postura de livre-pensador, tenho, portanto, para mim e do alto da minha pequena estatura uma mão cheia de opiniões, que muito prezo…
Vem isto a propósito do debate de ontem, na tv, de Sócrates versus Louçã – que, só mesmo para chatear e em conformidade com uma das tais minhas opiniões, faço questão de não referir como sendo do Partido Socialista versus Bloco de Esquerda.
Independentemente do facto do estilo de discurso de Francisco Louçã me enervar um pouco, aprecio sobremaneira os seus conteúdos, o que, relativamente a José Sócrates, não ocorre. Isto é, dele nem estilo nem conteúdos são de molde a despertar em mim mais do que uma irritação geral, altamente incomodativa.
Posto isto, que define, portanto, alguma expectativa aprioristicamente assumida, uma breve nota sobre o tal debate de ontem:
Apesar dos «analistas» da treta e do costume serem unânimes nos alinhados e desbragados elogios a Sócrates quando ele supostamente «encrava» Louçã com a história da abolição dos descontos, em IRS, nas despesas de educação e saúde, por mim considerei esta mais uma descabelada demagogia «socrática».
E porquê? Porque invocando, de forma truncada – como, aliás, Louçã de imediato referiu – o programa do Bloco de Esquerda, insistiu por cinco vezes neste assunto, com a complacência pasmada de Judite de Sousa, desbaratando deliberadamente o facto de que este «mandamento» estava sujeito ao pressuposto prévio – passe a redundância – de educação e saúde efectivamente grátis para todos (os que recorrem aos Serviços Públicos).
Ora, se (quando) estes serviços forem grátis, acessíveis e eficazes – como ocorre, aliás, em vários países europeus – parece-me óbvio o porquê de não haver lugar a descontos nestas matérias.
A má-fé, rasteirice saloia e insistência desajustada da postura de Sócrates, uma vez mais, me prova que por ali não vou… Lamento, pelos doutos pareceres dos analistas, mas não vou.
E, para cúmulo, ficaram-me duas dúvidas. A primeira: afinal, olhando para as questões colocadas por Sócrates, quem tem estado no governo, Sócrates ou Louçã…? A segunda: tendo assistido à intensa colocação das questões, por parte de Sócrates, sobre o programa do Bloco de Esquerda, ficou-me a dúvida sobre a existência de um programa do Partido Socialista. Será que não tem ou há inibição em referi-lo em sede de debate?
NOTAS de rodapé: Propostas de neologismos, algo anarcas, a aplicar aos senhores da «análise política» e que tendem a dar à costa após estes debates:
– àqueles que não vão além da emissão opinativa (como essas minhas, acima…), em vez de analistas passam a ser chamados OPINALISTAS;
– àqueles cuja «análise» lhes advém da pulsação das sondagens (outra treta): SONDEIROS;
– àqueles que mais longe não vão do que lamber a mão do dono: BOBBYSTAS…