Não sei se isto se passa convosco, mas eu, quando estou muito tempo sem me sujeitar à imponência do verde, fico em carências iguaizinhas àquelas que a separação do mar me dá.

Daí, ter rumado a Sintra, após ter ouvido uns zunzuns acerca do Palácio de Monserrate estar a ser reabilitado. Embora, a ver, que a última imagem que dele tenho, vai para uma mão-cheia de anos, era abaixo de deprimente, face ao seu total abandono e ruína.Assim como assim, ganharia na mesma, em alternativa, com uma passeata pelos seus jardins… Entrada a 5 euros, que parece constituir uma espécie de cartel entre entidades para definição de entrada em monumentos nacionais. Mas, para estas coisas, tendo a nem olhar muito aos custos…

E lá estava o palácio, sim senhor. Em plena recuperação, mas já com alguma coisa para ver, ainda que, ao contrário do que observei noutros destinos de férias, por cá nunca se veja ninguém a recuperar nada. Vê-se que está tudo em obras e já não é mau… Deve ser trabalho nocturno, para não apoquentar os turistas.
(Esta é, notavelmente, uma boca foleira, mas que é que hei-de fazer ou dizer perante estas evidências?)

Espreitando cá de fora e entrando, depois, nas zonas já visitáveis – atenção, nada de fotografias lá dentro! -podemos ter já uma ideia bastante precisa acerca da riqueza decorativa de tal espaço. Constou-me, entretanto, que os últimos proprietários leiloaram grandíssima parte do recheio, pelo que a autarquia se propõe reconsituir os mobiliários, estatuária, etc., etc.
Aí, valentes! Contam com o meu apoio, mesmo que elevem o preço das entradas…

Curiosidade satisfeita e anotações tomadas, lá fui dar a voltinha pelos jardins.

Aqui, a sensação que me ficou é a de que o abandono cavou aqui marcas profundas, também. Senti o espaço muito pior tratado do que na minha última e longínqua visita.

Mas saudei a velha araucária, com a imponência dos seus 50 metros de altura, bem como muitas das suas companheiras vegetais que por lá nos recebem.

Ao deitar-me no… ia dizer relvado, mas é mais certo chamar-lhe ervado, a contraposição da pequenez delicada com aquela desmesura vegetal…


Aqui e ali, uns recantos onde a beleza natural disfarça uma gritante falta de água em tudo que sejam locais para a dita.

À saída, duas quimeras acenaram-me a despedida. Quimeras… Bem precisados andamos delas, se soubermos encará-las com os pés bem firmados na terra.
Agora, vou-me. Tenho música ao vivo cá por casa. (Hehehe… Há quimeras assim, mais próximas do que as outras… Fiquem bem e façam o favor de ser felizes, como diria o velho Solnado).