Prosaica e tranquilamente, sentado numa cadeira de praia, lendo um bom livro e vendo o tempo passar, neste magnífico areal que é Carcavelos… desde que não haja criancinhas aos gritos, paizinhos a gritar com as criancinhas, esplendorosos jovens aos pontapés numa bola contra tudo o que mexa ou sonoridades de «bate-estaca» e «animação», pelo menos num raio de trezentos metros.

Enfim, o paraíso ao alcance de todas as bolsas… Pelo menos, até às onze horas que, depois, vêm de lá os ultravioletas normalizados e está tudo tramado! É a debandada geral! Mas eu abençoo o meu guarda-sol amigo, companheiro de vinte anos de sol e mar, que alguma ferrugem já perturba, mas que permite precaver-me contra estes perigos e desfrutar esta espécie de «terra de ninguém temporal», quando a pressão popular se atenua…


E passa o veleiro, passam as meninas, passa o casalinho, os banhistas passam o dia banhando-se na água muito razoavelmente limpa e eu passo a minha manhã a ver tudo passar… O forte, esse, não passa, fica. E deixa-se para ali estar a impor presença e moldura à praia…Uma manhã mais, passada, a aproximar-me do tempo das maiores ralações e faltas de ar: crises, gripes, Iraques, (des)empregos, eleições… Mas, hoje, respiro esta bonomia que Agosto traz a esta terra, ainda assim beijada pela benção da Vida.