Levo já alguns anos de muito agradável convívio neste mundo que tem tanto de virtual como de virtuoso, se assim o quisermos, com uma poeta (ou poetisa, como melhor considerarem) brasileira, de sua graça Márcia Maia.

Meio em jeito de homenagem, meio em troca de postal de contrariar ausências, partilho aqui, convosco, o poema que dela recebi hoje e a minha resposta, que ficarão, assim mesmo, cruzando os sete mares, para meu deleite e, assim espero, para vosso agrado.
Disse a Márcia:

semiologia

o que acorda manhãzinha
mais que o ensandecido cantar dos
pássaros saudando o sol
é a sensação insidiosa da ausência
úlcera que mais que ao corpo
corrói o que alguns chamam de alma
e à maioria diz-se coração
Márcia Maia

Respondi eu:
mas vem lá sempre o depois
de sabermos que um e um
raramente dá em dois
porque sim
ou talvez não
porque a vida faz assim
e nem liga ao coração
mas fica bem a lembrança
de sabermos sempre à mão
o que atravessa a distância
um poema
uma afeição
olhe! – tenho mesmo p’ra lhe dar
um belo dia de Verão
de brisa leve
de azul
por saber que mais ao sul
mesmo de Inverno sem neve
há um calor que se escreve
sem letras
com coração
fica-me um sorriso breve
quase
quase
uma canção
depois o resto é só mar