Quase em jogo de parada e resposta, esgrima a que os afectos também nos conduzem, mão amiga fez-me chegar esta imagem, obtida em jogo de luz e sombra numa escultura existente em Kaunas, na Lituânia, e que dá pelo sugestivo nome de Semeador de Estrelas.

As estrelas, pintadas na parede em fundo, passam despercebidas durante o dia. Mas assumem a sua dimensão escultórica (pictórica…?) no tal jogo de luz e sombra que a noite propicia.
Coisa assim sugestiva não poderá ficar sem resposta…
um poeta é um semeador de estrelas
de breu seja o céu
de sol seja o tempo a não deixar vê-las
ele deve lançá-las
num tempo só seu
que se faz de todos no breve momento
em que os olhos vão
dar
ao firmamento

e o poeta irá
de mãos como a terra
lançar as palavras de encontro ao vento
nesse chão que lavras
buscando sustento
onde nascerão corpos siderais
no amanho ameno de quantos quintais
cultivem estrelas
só porque são belas

porque tão reais
tão árduo sabê-las

– poema de Jorge Castro