Coisas simples e elementares, como a dignidade humana, sustentaram a luta. Coisas simples e elementares mas que contrariam, ainda hoje, os Belmiros, os Amorins, os Sócrates e outros quejandos, vendilhões do templo do nosso descontentamento… e já tantos anos são passados.
Entretanto, as razões permanecem as mesmas, tal como os interesses – declarados ou não – dos seus detractores.
Pelo caminho, temos as pandemias. Vamos na quarta, em muito pouco tempo. Primeiro foi a pandemia da gripe das aves, depois foi a pandemia das armas de destruição maciça e do terrorismo, logo a seguir a pandemia da crise e, agora, a pandemia da gripe suína ou A, como foi rebatizada, para não estragar o negócio pandémico da suinicultura…
Haja sempre uma pandemia para nos manter timoratos com o dia da amanhã e agradecidos por quem nos «proteja», hoje!
Não vejo diferença entre os efeitos desta nova pandemia e os das demais. Provável insensibilidade minha. Registo, entretanto, com atenção agudamente desperta, os planos de contingentação que os governos e as grandes empresas fazem, no sentido de definirem quem, em situação de catástrofe, deve viver e quem pode ser descartável.
E anunciam-no, sem rebuço, nem pudor! A tal ponto chegou a arrogância e a confiança dos títeres e dos mandantes quanto à subserviência e acatamento dos servos, relativamente a esta sua postura de deuses de pacotilha.
A tal ponto chegou a convicção, afinal balofa e insustentável, mas assente de pedra e cal, desta gentinha quanto a considerarem-se mais dignos de sobrevivência do que os seus próximos. E, quanto aos tais próximos, a sobreviverem menos mal com isso.
Darwin não sustentaria esta pose que, de científica, nem as penas tem.
Também, no Ano Internacional da Astronomia, me fica esta sensação constrangedora deste ser um universo tão limitado, tão sem o voo das estrelas.
Aqui fica, à reflexão de todos e de cada um…