por vezes mar
por vezes pena
por vezes ser
valer a pena
contra esse dó
contra esse nó

por vezes ter algum poema
dentro de nós
a dar a voz feita de nós
sem voz que trema

por vezes ser a imensidão do universo
por vezes ter a dimensão daquele verso
bruto
disperso
vago ou hirsuto
lançado ao vento como um insulto
buscando indulto
sendo adverso

por vezes ser inconsciente
mas tão ciente
daquela aragem
do sol poente
de uma viagem um passo à frente
de uma miragem

por vezes ser por fim incerto
ficar mais perto
de uma vontade
por vezes ter sonho desperto
na beira-mar
da liberdade.

– poema de Jorge Castro