Poderá parecer desnecessário ou excessivo voltar-se, uma e outra vez, à questão do Ensino, em Portugal, e a sua correlação com o actual quadro governativo, com especial incidência no elenco do Ministério da Educação.
Mas não. Porque tudo está longe de se apaziguar e está em causa, na verdade, o futuro do País, o qual não tem hora nem lugar para ser tratado, porque essa hora e esse lugar são sempre.
Como é sabido, não sou professor. Mas vivo com uma professora e tenho-me na conta de bom observador.
Uma professora das tais que gosta de ensinar, que sempre encarou a docência como uma arte nobre, que se desdobra e multiplica em acções de apoio aos seus alunos, nas mais variadas vertentes em que esse apoio possa ter lugar. Dessas que cultivam e encaram a absorção e aplicação de conhecimentos por parte dos seus alunos como o seu objectivo maior de vida, mais do que como mero desígnio profissional.
Como ela – e até por força do convívio com a classe docente que aquela minha relação facilita – tenho conhecido número incontável de professores que assumem que, para além da profissão, o seu dia-a-dia tem foros de missão, cientes da influência que o seu exemplo pode significar nas jovens vidas que lhes são confiadas.
Tenho assistido, de muito perto, não apenas naquela qualidade, mas também como pai, participativo e atento, aos tratos de polé a que os professores sempre foram sujeitos; à falta de qualidade – e de dignidade elementar! – das suas condições de trabalho; aos parcos vencimentos pagos a quem tanto se exige, etc., etc.
E arrogo-me o direito de generalizar pela positiva, pois estou bem ciente de que as «ovelhas ronhosas» da classe docente – que as há, como em todas as classes profissionais, e também tive oportunidade de tropeçar com elas – constituem desprezível minoria.
É neste contexto que, enquanto cidadão português e perante a enormidade aberrante das políticas e práticas de certa gentinha que se alcandorou ao governo de Portugal, de que as atitudes da ministra da Educação e dos seus secretários são exemplo destacado, me repugna ver o que vejo e ouvir o que ouço.
Tanto mais que se embrulham com a capa do Socialismo, cinicamente invocando um voto popular que traíram sem elementar pudor, Socialismo do qual renegaram conteúdos, práticas e, até, atitudes, assumindo posturas de arrogância, intolerância e inverdade que querem e sabem apoiadas no estado de desinformação que alimentam e da ignorância em que fazem questão de manter grande parte dos seu «súbditos».
Sou, também, socialista, por formação e cultura, se quiserem, sem que para tanto careça de cartão passado aos clientes desses albergues de pedinchice em que se constituíram os «grandes partidos».
Por isso mesmo, aqui declaro, desde já e para quem interessar possa, que Sócrates – que, de socialista, não terá nem os chinelos de quarto – não contará com o meu voto, em circunstância alguma, em processo eleitoral algum.
Essa é uma das minhas armas. E há capitais de confiança que, uma vez perdidos, são irrecuperáveis.
Por extensão, mal vai o PS ao albergar tais abencerragens no seu seio… e, ainda por cima, dirigentes. Em direcção a quê?