Mas eis que Sócrates, confrontado por jornalistas acerca da descida do preço do crude e da manutenção dos preços da gasolina, em Portugal, chuta para canto e filosofa que o problema é a nossa grande dependência do petróleo e informa, com traquinice e denotando já algumas aulas de inglês de permeio, que a resposta «is blowing in the wind», trauteando o Dylan, referindo-se à necessidade imperiosa de apostarmos na energia eólica e, possivelmente, se o discernimento a tanto chegar, na energia das ondas.
Ora, o mesmo Sócrates, logo a 17 de Setembro, refere que «o conjunto de investimentos previstos para Sines nos próximos anos mostra que está de regresso o sonho de termos aí um dos maiores complexos petroquímicos do mundo».
Isto e o anterior foi dito de viva voz e pelo próprio, a menos de 24 horas de distância, e com a mesma ênfase, pelo que não deixa grandes margens de dúvida quanto à deriva da personagem.
Sócrates é assim e pronto. Diz o que lhe é útil em momento dado. Podemos chamar-lhe Pinóquio antes do arrependimento, abismarmo-nos com as suas evocações dos anos 60, denunciar-lhe os tiques esquizofrénicos… que ele não deixa de ser assim!
E pronto! Venha outro, que este já vimos. E, pelo menos eu, não compro.