– miradouro de Santa Luzia
Lisboa tem rio e mar sempre por perto. Os homens é que se afastaram deles, convencidos de que rio e mar são só caminhos. E porque os dias de hoje os fazem lentos tornam-se, então, dispensáveis.
Mas eles são mais do que caminhos. Vai neles correndo o sangue que em nós palpita, esse sangue onde talvez singre a nossa alma e que tantas vezes consideramos dispensável.
Isso leva-me a pensar que o rio e o mar afinal são feitos de nós e nós somos feitos deles.
Faz lá algum sentido esse olhar tão distanciado…
É como não escutar os gritos de socorro que cruzam a cidade perante a indiferença das consciências adormecidas.
– junto a um painel da Junta de Freguesia do Socorro, os velhos azulejos desmoronam-se, sem serventia e sem atenção, como todos os velhos. – fotos de Jorge Castro