Planto as mesmas rosas
Planto as mesmas rosas,
infindavelmente planto as mesmas rosas,
e poemas ou gaivotas são as rosas
que sulcam o meu olhar, quando anoitece.
Planto as mesmas rosas,
infindavelmente planto as mesmas rosas,
o desassossego de existir, atrás das rosas,
é o mais lúcido aprender que me acontece.
Planto as mesmas rosas,
infindavelmente planto as mesmas rosas,
e por vezes nada mais há do que tais rosas
na teia que minha mão entretece.
Planto as mesmas rosas,
gostava de as oferecer, se alguém quisesse…
– poema de Manuel Filipe
Tenho reiteradamente revelado que este tempo e experiências de partilha no mundo dos blogs me tem bastas vezes surpreendido com manifestações de afectos e solidariedades efectivas que, contrariando o “tempo de cinza” dos dias, me trazem à vida ânimo e alento e a certeza de que um mundo melhor está mais perto de nós do que a utopia.
Ontem mesmo, num encontro de amizades, tive o prazer e a distinção de ser presenteado com um livro, da autoria de Manuel Filipe, autor que me foi aqui revelado, e que tem esse deslumbramento sem preço de ter sido criado… para ser dedicado e amorosamente entregue aos amigos!
Da sua Nota Prévia, destaco:
“É a eles, e a todos os amigos que ganhei através da poesia, que dedico este livro. E, como um acto de amor se trata, queria que ele não tivesse preço. Que, por uma vez, afastada a lógica perversa de ‘deve’ e ‘haver’, fechássemos o círculo.”
Direi, apenas, depois da sua leitura cuidada: bem aventurados os iniciados que tal círculo integram. Eu, grato, o abraço.
Notas – Edição da Apenas Livros, Maio de 2007, prefaciado por Urbano Tavares Rodrigues, com imagem de capa de José Escada.