Tenho, pela parte que me toca, o maior dos respeitos – esse sim próximo do reverencial, que assumo – por quem exerce o seu mister apoiado numa formação académica superior, que usa e usufrui como apoio sustentado da sua actividade, assim partilhando o saber de que se muniu.
Agora, o “canudo”, aquela coisa que se obtém após uns anos de marranço, com mais ou menos dificuldades económicas e que se sedimenta num diploma, com maior ou menor moldura, pendurado na parede, e que apenas serve para se ser tratado por “dótor” quando se é servido da bica matinal, ou por “eingenheiro” em entrevista num estádio de futebol… meus caros amigos, isso é uma treta.
Uma treta que, de alguma forma, nos sai cara, se pensarmos que cada licenciatura é paga, também, pelo erário público.
E é, afinal, neste país de desajustes onde temos grande, enormíssima carência de profissionais qualificados… mas mantemos, com luxo e desperdício, cerca de 55.000 licenciados no desemprego. Licenciados que tantas vezes são empurrados para uma formação que não anseiam, mas com a inevitabilidade argumentativa de que “quem não tem canudo não singra” e há, pois, que arranjar algum a todo o custo.
Isto vem depois a agravar-se tão só – para além de outros atavismos sociológicos que não virão ao caso – porque não há, em grande número de casos, relação de causa e efeito entre a licenciatura (e o currículo) que cada um obtém e a sua aplicação prática no mercado do trabalho.
Interessa apenas saber se os procedimentos administrativos que referenciam essa licenciatura estão correctos ou não. A obra do homem é despicienda. No caso em apreço, creio que a obra será mesmo inexistente, o que continua a ser irrelevante!… E talvez isso, de facto, não interesse a ninguém. Mas ele obteve o tal “canudo” e essa é que é a matéria a discutir, pois quando foi a votos uma certeza todos temos: o homem era “eingenheiro“!!!
E assim perseveramos, parolos e convencidos.