Afinal, o primeiro ministro José Sócrates é ou não é licenciado em Engenharia?
Não me provoca incómodo nenhum ter, como primeiro ministro do país, um bom marceneiro, um excelente porteiro, um magnífico funileiro, um excepcional empreiteiro ou um portentoso engenheiro…
Eu próprio, não detendo nenhuma licenciatura concluída, cheguei à idade que cheguei com um muito bom nível de autoestima e muito ufano dos meus desempenhos profissionais e outros.
Mas uma de duas coisas me parece não ser admissível de silêncio:
1.
Se José Sócrates tem habilitações literárias limpamente obtidas, deve publicitá-las condignamente, silenciando as vozes desestabilizadoras e promovendo exemplar responsabilização pela instabilidade nacional promovida através do atentado aos seus bom nome e reputação. Pelas funções que desempenha e pelo suposto respeito que lhe merecemos, isso constituirá um direito elementar e um dever incontornável.
2.
Se José Sócrates obteve essas habilitações através de um esquema habilidoso e muito privado – tal como o modelo de ensino que tanto tem favorecido (não resisto ao comentário!…) – então está em maus lençóis, pois foi e continua a ser cúmplice de tal iniquidade, sonegando reiteradamente tal facto e receio bem que só lhe reste a solução de se demitir. Não vislumbro como, em democracia, poderá ser governável um país que tenha ao leme um aldrabão desmascarado.
Não se me depara outra via para ultrapassar esta incómoda sensação de vergonha que a contragosto me invade.
Que é pacóvia e parola esta cega reverência lusitana ao “sô dótor”, não é menos certo não ser aceitável que um pintarolas ou um aldras qualquer, arvorado em São Tomás, se arrogue presidir aos nossos destinos.
A bem da nação, espero que a tal licenciatura esteja limpa.