Pensava, com os meus fechos ecléres (será assim que se escreve? É que dei por mim sem botões…), sobre as grandes palavras que haveria de por aqui deixar, a modos que celebração do solstício, que tanto andamos todos precisados de renovação e novos ventos, quando tropecei, por assim dizer, no prefácio do livro “Eduardo Lourenço – Os Poemas Da Minha Vida” integrado na colecção que tem vindo a ser lançada pelo jornal Público, prefácio esse assinado pelo próprio Eduardo Lourenço.
E descobri aquilo que procurava. Que excelente é assim ter artes de juntar palavras. Vejam:
“(…) Em si mesma, para cada um de nós, no momento em que nos toca, como se fosse o dedo de Deus, a Poesia esconde-nos da morte. É o único céu portátil de que estamos certos. Um céu de palavras, que de século em século se comunicam a queimadura celeste que a vida deixou nos nossos vulneráveis corações.
(…) Mas pensando bem, talvez nada me tenha deixado mais perplexo, abrindo-me a porta do sonho, que uma mera frase destinada a ilustrar o uso do ‘Z’ no meu primeiro livro de escola: ‘O filho do Zeferino foi a casa dos filhos da mãe do Zebedeu’. Nessa hora fora da vida toda a poesia do mundo estava inteira neste enigma prosaico. E ainda hoje lá permanece.” (Eduardo Lourenço).
Nada a fazer. Quem assim fala – e que privilégio o ouvir-se!… – lega-nos uma vida de saber e sabor da vida.
Que 2007 seja, para cada um de vós, um ano pleno de felizes realizações.