entre tratos de polé que a vida nos traz e conta
cumprir-se oitenta já é coisa brava e de tal monta
que nem se me dá até
brincar com a desmesura
cumprir-se oitenta já é coisa brava e de tal monta
que nem se me dá até
brincar com a desmesura
quarenta qualquer um faz cinquenta é meia aventura
só sessenta o que é capaz de andar da vida à procura
e se tenta contumaz
com o que ela traz viajante
e no redondo vocábulo entre um dia perturbante
e outro ao rés do opróbio ficar assim radiante
lançar vida qual discóbolo
céus afora sem destino
e ter da vida a sageza vertida em olhar menino
de a viver com a certeza de que a vida é o nosso hino
de que é feita entre a beleza
de um olhar de uma flor
e ser Mãe em cada dia e ter esse dom maior
de chorar só de alegria ou de rir de algo menor
de sombra ou melancolia
qual dia a entardecer
e o noventa que vier
tem oitenta neste dia
nessa graça e harmonia
de ser Mãe por assim ser
– foto e poema de Jorge Castro