Ontem, dia 21, houve lugar para a bicharada em forma de poemas, na Biblioteca habitual. Como prometido, fiz-me acompanhar por um cão do Morfeu (Anomalias) e de um hipopótamo da Márcia Maia (Tábua de Marés).
de urso até pelo basto e hirsuto pêlo
e vou zurrando de cavalo em remanso
e se apressado
dou passada que nem ganso
há ainda este labor de formiguinha
e um canto de cigarra que me anima
de coelho gosto à toca
que me toca
quando sinto pesadão o dia em cima
e como eu gosto de ter Agosto de sol
coisa assim que levo à conta de uma cisma
que em apertando o calor
eu caracol
largo a casca na nudez fresca da lesma
sobressalto e salto em pulga ou gafanhoto
e cordato lambo a mão feito cão manso
pulo e canto
de pardal e penugento
quando é feito de alegria o meu sustento
há bactérias e outras coisas deletérias
evasivas invadindo-me as artérias
mas a mente
para grande sorte minha
cruza os céus em mil voos de andorinha
e eu mio no amuo como um gato
e eu grato grito à lua
como um lobo
e eu levo cada galho a bom recato
quando casto qual castor vou p’rò meu covo
mas evito doces trinados de grilo
quando enfrento algum hipócrita esquisito
é que eu dou o corpo à luta e a cara ao dia
o que dá para alimento deste fito
de eu morder pertinaz
de crocodilo
mesmo quando o que me morde
for mosquito.
– Jorge Castro