há momentos em que o céu já não se importa
com os dedos que apontamos ao infinito
só a vida nos constrange
ou nos transporta
e as raízes
vão perdendo o seu sentido.
foto e poema de Jorge Castro
Quantos de nós entendem ou querem entender que os futebóis e as bandeiras não passam de uma muito cara encenação destinada a anestesiar-nos da vida e de tudo que a enforma?
Quantos de nós estarão, ainda, vivos?
Quando uma nação necessita de uma manifestação “desportiva” para se assumir como tal e não decorrer, apenas, do seu natural estado anímico o apoio ao que é seu, tudo está ao contrário.
Não são os futebóis que promoverão a nossa auto-estima. A nossa auto-estima é que poderá promover este e outros futebóis (já agora, preferencialmente, outros).
Espero que Portugal ganhe os jogos a defrontar – também eu, claro! Mas para quê?
Para que, por cada vitória, se abra uma escola?
Para que, por cada vitória, se inaugure um hospital?
Para que, por cada vitória, se construa uma biblioteca?
Para que, por cada vitória, se crie um lar de idosos e uma creche?
Para que…
Ou, apenas, que se encerre tudo isso para que o futebol possa continuar?