(Dedico este texto aos meus amigos Fernanda Frazão e José Fanha, companheiros preciosos na realização do encontro)

Pela Póvoa de Santarém, na Quinta da Ribeirinha, a 4 de Março, reuniram-se quarenta e cinco poetas, vindos das quatro partidas da nossa terra, afrontando vendavais e sacudindo conformismos, dando corpo e viva voz a esse movimento de poesia que flui diariamente pelo mundo dos blogs.

Presentes esses quantos e outros mais que participaram por mensagens ou mensageiros, não podendo, de corpo, estar presentes.

Recebidos num excelente espaço, recheado de apetecíveis iguarias e vinhos da região, reviveram-se porventura ancestrais encontros de bardos que, entre libações e rituais encantatórios perdidos na penumbra densa do tempo, exorcizavam medos, entoando cânticos e poesias à vida e aos afectos, assim transmitindo testemunho à geração vindoura.

Somos, enfim, esse país de poesia e de poetas. Múltiplos, diversificados, truões ou apaixonados, de sorriso aberto à mistura de uma lágrima, em busca da utopia “mesmo na noite mais triste”.

Não há poetas bons nem poetas maus a não ser no mundo limitado e circunscrito da cabeça dos “literatos”. Há, apenas, aqueles a quem a poesia apetece e, por vezes, brota por cada poro do corpo, em cada alento da alma.

Consumi-la-á quem queira – isso é outra história! Agora, o poeta que a sente, que a vive, que a grita, lamechas talvez, talvez grandioso, esse continua a carrear “o facho na treva / ao fundo da mina / e apenas vê o que não ilumina”.

Ali, todos foram iguais e as suas vozes foram ouvidas. Para o bem de todos nós.


– Jorge Castro

Nota – para apaziguar curiosidades mais insaciáveis, aconselha-se uma vista de olhos pelas excelentes fotografias do Ognid (Catedral) .