Não me incomoda, especialmente, a louridão e refrescura que a dama traz dos Brasis. Sabe-se ser lá a terra das plásticas por excelência. Já o mesmo não direi da entoação pesporrenta e napoleónica, que me enerva um pouco, reconheço… Ele há plásticas que, em boa verdade, nem nas “excelências”!
Agora, ela fugiu à justiça cá da terra, não foi? Arguida num vultuoso e nebuloso processo, não foi? E raspou-se de uma forma que eu, em pé de aparente igualdade de cidadania, bastando ser suspeito do furto de um cacho de bananas – e notem que digo “suspeito” – dificilmente seria capaz, por aproximação fabulosa, de atravessar sequer o Tejo até meio da ponte.
Entretanto vive dois anos de rendimentos indizíveis- digo eu, invejoso, que se tivesse de passar dois mesitos no Brasil, despedido e tudo, havia de estar logo de mão estendida à caridade…
Depois regressa à parvónia quando lhe convém e, arguida que é, escolhe elementos policiais de acompanhamento, instalações onde se acoite e presenteiam-na com célere dispositivo judicial o qual, pressuroso, a liberta a tempo de, no próprio dia, iniciar uma campanha eleitoral autárquica.
Entretanto, fatia importante do povão anónimo (ou nem por isso) de Felgueiras aplaude e exterioriza histericamente (ou nem tanto) a chegada da santa padroeira do burgo, que é a tal fugida à justiça.
Ou estamos em presença de um novo Zé do Telhado (desculpa lá, ó Gomes), este de sete saias e outros tantos enredos e temos andado todos enganados pelo poder, pelas autoridades e pela justiça.
Ou a dona Fátima, qual hitlerzito de bairro, confundindo as massas e baralhando as hostes, é, afinal, a verdadeira face do poder encapotado que neste país (e em tantos outros) tudo controla e determina, fazendo do sacrossanto “estado de direito” uma pantomima patética e bacoca onde aos espertalhões, espertinhos e espatalhóides tudo é permitido, com o aplauso da plebe alarve e embasbacada, invejosa apenas por não ter sido capaz de ser tão esperta quanto aqueles.
E, despudorada e provocadora, avança para a candidatura a uma autarquia, apenas porque a lei tem um buraco, ou porque o buraco tem uma lei, sem que lhe roce pelo bestunto o DEVER, além do poder. Porque talvez ela possa, legitimamente (por força do tal buraco) concorrer à Câmara. Mas não devia!
Como em tempos disse e lamentavelmente cada vez estou mais convencido da justeza da asserção, vivemos num país em que a mulher de César nem é séria, nem quer parecer e até tem raiva a quem o seja. Mas, pelo contrário, faz questão de alardear aos quatro ventos que é puta. E das piores: daquelas que se vendem apenas para comprar mais um vestidito ou uma jóita, coquete e pires, para aparecer nalguma vernissage, que não se fala aqui das aflições da fome. E, gozando com o pagode, ainda alega que é para o bem de todos!
E a turba aplaude. E, pior, vota nesta malta!
E o poder, todo ele, tal o anverso da mesma moeda, condescende, suporta ou, no limite, finge ignorar!
Se eu fosse o corsário azarado do Astérix, em pleno afundamento da nau, diria a propósito: “- Beati pauperes spirito…”.