nada mais que notas soltas num sorriso me perturbe
voos cruzados nas voltas de alguém perdido na urbe
na cidade que não sabe da sede por trás da sebe
que sobe p’la rua acima – tanta a fome quanta a sede
tantos nomes quantos homens nos quadrados da calçada
triangulam na alvorada
sequiosos de outras fomes
temerosos de outros medos
ciosos de enredos de anto
a disfarçar tons de pranto criando novos degredos
dá-me luz
dá-me essa aurora
de ser vivo nesta hora que demora a cá chegar
dá-me alento que rebento
nesta espera-desespero
de querer ir
e só chegar.
– Jorge Castro