Hoje venho para aqui colocar uma simples questão que me atormenta desde que me conheço como elemento da população activa deste país e para a qual sempre e por toda a gente me foi iludida a resposta. E ela é:

– Porque é que os sindicatos portugueses – todos, sem excepção! – discutem, ano após ano, com essas inefáveis entidades patronais a que temos direito, os aumentos salariais em base percentual?

Haverá por aí algum economista que me elucide, que me esclareça, acerca desta misteriosa fatalidade histórica que tanto agrava, também ano após ano, os fossos salariais, abissal fonte geradora de injustiça social e sem paralelo na Europa (… pelo menos, da que vou conhecendo)?

Sabem como são as contas feitas: o que ganha 10, com um aumento de 10%, passa a ganhar 11; o que ganha 100, com o “mesmo” aumento, passa a ganhar 110. Esta diferença de 9, reiteradamente agravada durante anos a fio, trouxe-nos à magnífica situação em que estamos: os piores nas remunerações mais baixas; os maiores nas remunerações mais altas.

Para quando a discussão partindo do aumento da massa salarial previsível, com uma distribuição mais equânime, que sem descurar responsabilidades, competências e eficácias, ainda assim “alise” as disparidades escandalosas , injustificadas e inqualificáveis que hoje se verificam?

Tratar-se-á de alguma coisa do foro do direito divino ou, afinal, não passamos de um rebanho de cordeiros parvos, imbecis e pachorrentos pastoreados por uma mão cheia de mafiosos atrevidos… Ou dar-se-á, apenas, o caso de ser só eu que não percebo nada disto?